Comportamento
#antesdohappyhour por Lu Magalhães – Do jeito que elas querem…
Jane Fonda, Diane Keaton, Candice Bergen e Mary Steenburgen são protagonistas de um filme que quase não vingou, porque Hollywood queria que as personagens centrais de Do jeito que elas querem (Book Club, no original) fossem mais jovens. Mais do que etarismo, estamos diante de um puritanismo que prega não haver desejo sexual na maturidade.
Foram inúmeros os desafios enfrentados por Bill Holderman – diretor e roteirista do filme – para tirar o projeto do papel. Segundo ele, a sociedade tem uma visão enviesada em relação ao gênero. É completamente aceitável um homem mais velho namorar uma mulher mais jovem; o contrário é tabu. Ele conta que a pressão foi grande para o filme ficar mais jovem, com atrizes com menos idade. Jane Fonda completa: “O sexo é um tabu nos Estados Unidos, apesar de haver pornografia para todos os lados. Mas, se você é mais velha, a ideia de que ainda é sexualmente ativa provoca nojo para alguns. O filme mostra idosas ainda dispostas a uma boa transa”, conta Jane Fonda em entrevista à Folha de S.Paulo.
Em linhas gerais, o filme trata de quatro amigas com mais de 60 anos – juíza, empreendedora, dona de casa e viúva – que decidem ler a trilogia Cinquenta tons de cinza, de E.L. James. A partir daí, começam a compartilhar problemas sexuais e novos romances. Uma comédia romântica convencional não fosse o fato de as protagonistas terem entre 70 e 80 anos; e abordarem o desejo sexual na terceira idade.
Da minha parte, acho uma tremenda cegueira esse culto à juventude. Hoje, de acordo com a Organização Nacional das Nações Unidas, há 962 milhões de pessoas com mais de 60 anos; no meio deste século, essa população passará dos 2,1 bilhões. No Brasil, em 2050, teremos mais de 68,1 milhões de prateados – e 18,8 milhões de brasileiros com até 14 anos. Sentiu o peso?
Especialistas estão falando de um Tsunami Prateado aberto pela Economia da Longevidade, que está mudando tudo. Estamos diante do Grey Power. A Silver Economy está movimentando, no mundo, cerca de US$ 7,1 trilhões anuais. E, por algum motivo obtuso, muita gente ainda não se tocou!
Estou atenta à essas mulheres maduras que a cada dia ensinam a sociedade que protagonismo não tem idade. E que representatividade importa, sim. No cinema, nas ruas, no mundo do trabalho, no consumo, na sociedade. Vamos acolher os novos tempos em que a longevidade passa a ser a novidade! Afinal, viver mais é uma conquista não um peso.
Para quem ainda não viu, segue o trailer de Book Club: https://www.youtube.com/watch?v=LXxYHjCvNes
– Lu Magalhães, presidente da Primavera Editorial