Sentir com o outro: o poder da autoempatia para desenvolver a empatia
Em uma aula, a neurocientista Claudia Feitosa-Santana perguntou aos participantes: o que seria mais adequado, ser empático ou autoempático? Brasileiros que somos, a maioria dos alunos optou pela primeira alternativa. Mas, antes da dar uma resposta, a especialista explicou a diferença entre empatia contagiosa – a que é uma capacidade natural do ser humano – e a cognitiva, que requer um reforço; uma dedicação para desenvolver a empatia.
Ou seja, podemos treinar e ampliar a nossa capacidade empática. Na prática e de maneira bastante sucinta, ela está atrelada ao potencial que temos de sentir junto, ou sentir como o outro.
Treine para desenvolver a empatia
A empatia, segundo Claudia, é uma das pontes entre o egoísmo e o altruísmo, porque requer que você saia de dentro de si, indo em direção ao outro. (Assista ao vídeo da neurocientista sobre a empatia).
Entretanto, obviamente não é possível sentir empatia o tempo todo e por todas as pessoas, mas é factível nos treinarmos para ampliar essa capacidade. E é aqui que entra a autoempatia. E por que é tão importante ser autoempático? Porque, nesse processo, a gente inicia uma jornada para conhecer os nossos pontos fortes e fracos – e reconhecemos o próprio limite.
Em um segundo passo, começamos a ser seletivos para que possamos escolher com quem empatizar e quando (o momento certo). Esse autoconhecimento nos protege do risco de a empatia facilitar a entrada de manipuladores em nossa vida. Sabe aqueles momentos em que a nossa empatia nos coloca em risco? Um exemplo: aceitar que alguém seja agressivo, porque ele está nervoso com o trabalho!
Ler também aumenta a empatia
Um ponto interessante é que a empatia aumentou, nas sociedades, com a invenção da imprensa, que trouxe a expansão da leitura. Hoje, com todas as possibilidades de ler e ver o que acontece no mundo todo, essa capacidade foi potencializada. Segundo a neurocientista, em resumo, “ser autoempático, ser seletivo, estar aberto a novas narrativas; e ser genuíno é o caminho para aumentar o nosso autoconhecimento, desenvolver a empatia e nos conectarmos mais com os outros”.
Segundo estudo, ler ficção também ajuda a desenvolver a empatia. Os leitores podem formar ideias sobre as emoções, as motivações e os pensamentos dos outros. E transferir essas experiências para a vida real. Essa conclusão está publicada na revisão de um estudo sobre os benefícios da leitura para a imaginação, na Trends in Cognitive Sciences.
Respondendo à pergunta inicial: o melhor caminho é ser autoempático. Na minha opinião, é a partir dessa narrativa que vamos fortalecer a nossa autoestima e desenvolver a empatia cada vez mais.
Assista ao TEDx sobre o assunto:
| Por Lu Magalhães, presidente da Primavera Editorial