Empreendedorismo feminino: a capacidade feminina de liderar
Cerca de 85% das startups fundadas no Brasil foram criadas por homens brancos de classe média, de acordo com dados da Associação Brasileira de Startups. E, ainda segundo a Associação, isso acontece porque o empreendedorismo feminino encontra mais barreiras sociais e econômicas; entre elas, o puro preconceito, alguns estereótipos e normas sociais que, de tão enraizadas, muitos nem percebem que estão ali.
Ainda assim, há 24 milhões de empreendedoras mulheres no Brasil, de acordo com o Sebrae. E esse número cresce a cada ano, a despeito de grandes desafios – inclusive, de acesso a investidores.
Na prática, embora elas estejam furando as bolhas, são os homens que avançam mais rapidamente por terem mais crédito para investir nas empresas. Ou seja, elas empreendem tanto quanto os homens, mas captam menos.
Empreendedorismo feminino é mais difícil?
De acordo com levantamento do Sebrae, as mulheres estão liderando 50% dos novos empreendimentos do país. Mas, cabe ressaltar que são negócios mais tradicionais e com baixo potencial de retorno financeiro. Apenas 15% dos negócios existentes têm mulheres na liderança.
No perfil, a pesquisa aponta que enquanto os homens criam empresas para testar hipóteses e explorar oportunidades, grande parte das mulheres empreende por necessidade. O que isso quer dizer? Que a força feminina está presente em negócios voltados à moda, beleza e alimentos – mas, com baixa inovação agregada. A necessidade faz com que sejam mais pragmáticas; sobra pouco tempo para sonhar e criar algo mais alinhado a um projeto antigo, por exemplo. A motivação é outra, sabe?
Para ilustrar essa falta de acesso a capital – que poderia propiciar a inovação e o tirar o sonho do papel – dados apontam que entre as mulheres que receberam recursos de venture capital o índice é de 2,2% nos últimos dois anos, mesmo as que lideram negócios que entregam o dobro de resultado para os investidores.
O que isso significa para o empreendedorismo feminino? Esses dados trazem uma forte carga de preconceito que questiona, constantemente, a capacidade feminina de liderar negócios.
Chamo a atenção para a informação sobre inovação, sobretudo, porque pode parecer que as mulheres não estão conectadas com a criação de produtos e serviços disruptivos. Não é isso! O fato é que a ausência de apoio, o investimento de terceiros e aquela velha história de que mulheres não são boas em Matemática, Física, Química ou programação formam crenças limitantes que comprometem o direito a sonhar e imaginar novas soluções para velhos problemas; falta motivação para empreender de verdade. Veja aqui algumas das razões para que o empreendedorismo feminino ser tão baixo aqui no Brasil.
Vamos questionar esses padrões ultrapassados e construir espaços de poder para que mulheres possam ocupar mais e mais lugares; e que o sonho de empreender não seja privilégio dos homens!
Lu Magalhães, presidente da Primavera Editorial.