Empreendedorismo feminino negro na berlinda
Pesquisa do Sebrae e Fundação Getulio Vargas aponta que os negócios liderados por mulheres negras são os mais afetados pela crise econômica em decorrência da pandemia. São esses empreendimentos os que estão, em maior proporção, fechados ou com dificuldade de funcionar de forma remota ou online. Não bastasse os desafios, elas constituem a maior proporção de pequenos empresários que tiveram o crédito bancário negado. O empreendedorismo feminino negro está na berlinda.
Empreendedorismo feminino: desigualdade de oportunidades
O levantamento – que ouviu 6.470 proprietários de pequenos negócios – mostra que enquanto 36% das empreendedoras tiveram as atividades paralisadas, a proporção entre brancas e homens é de 29% e 24%, respectivamente.
Vale ressaltar que 27% dos negócios liderados por mulheres negras é presencial – entre as mulheres brancas, a porcentagem é de 21%.
A Pnad Covid, pesquisa de mercado de trabalho do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que um grupo autodeclarado de cor preta ou parda – formada por 1,1 milhão de jovens – está deixando o isolamento social em busca de empregos. Ou seja, elas ainda se arriscam mais! Os dados também mostram a desigualdade de oportunidades profissionais para mulheres e jovens negros.
Como podemos ajudar no combate ao racismo
Maia Niguel Hoskin, PhD colaboradora da Forbes e estudiosa de questões de raça e injustiça social, traz no livro Performative Activism is the New “Color Blind” Band-Aid for White Fragility (em livre tradução, o ativismo de performance é o novo curativo daltônico para a fragilidade branca) denúncias sobre o impacto do racismo na vida cotidiana dos negros.
Ela traz dicas para os brancos que queiram, genuinamente, apoiar a comunidade negra e combater o racismo.
Entre as dicas: entender o significado das palavras privilégio, racismo e branquitude; ser honesto consigo, reconhecer o privilégio de ser branco e o quanto ele oprime os negros; educar-se, ou seja, aprender sobre os processos históricos e sociais e seus respectivos efeitos e formas de opressão; assinar petições, doar para organizações e causas que apoiem a comunidade negra – assim como protestar, dedicando tempo e energia para impulsionar o movimento –; e, por última dica, apoiar as empresas liderados por negros.
Ou seja, o racismo é um problema de todos nós; a desigualdade de oportunidades para mulheres negras, idem. Como empreendedora e mulher, aceito a proposição de Maia; pretendo me educar e apoiar, divulgando a causa. Só como sociedade é que iremos construir uma nova narrativa. Vamos?
Lu Magalhães, presidente da Primavera Editorial