Igualdade de gênero: o efeito do feedback na carreira das mulheres
Vamos falar sobre igualdade de gênero? Um estudo realizado pela Associação Nacional de MBA – em parceria com a Women in Management e Robert Half Chile – aponta que as executivas brasileiras participam mais ativamente do processo de decisão em situações relevantes para as organizações.
Entretanto, na tomada de decisão não.
Enquanto os homens são classificados como “ambiciosos”, “severos” e “emocionalmente estáveis” quando falamos de traços de personalidade, elas sempre são associadas à “agradecidas”, “empáticas” e, “carinhosas” e “dóceis”.
Quando questionados sobre a liderança feminina, as observações são: sensíveis às necessidades dos outros (92,6%) e defensoras das próprias crenças (53,6%); os homens são reconhecidos por 64,7% como capazes de tomar decisões com facilidade e 53,6% pela personalidade forte.
A pesquisa mostra que os homens tendem a ver a liderança feminina como menos efetiva; eles acreditam, também, que existe meritocracia nas promoções em empresas brasileiras. Enquanto que as mulheres, no entanto, enxergam que o próprio desempenho não é avaliado adequadamente; que o feedback positivo que recebem (e as avaliações) não estão sendo suficientes para progredirem na carreira.
Mas, o que mais esses dados revelam? Segundo os pesquisadores, mostram que as mulheres têm a percepção que têm menos chances de crescerem dentro das estruturas organizacionais das empresas; inclusive, elas estão céticas quanto a tal da meritocracia e acreditam que gênero é um obstáculo para as promoções. Será que elas estão erradas?
Traços de personalidade X Igualdade de gênero
Acho inacreditável que o gênero determine – na percepção dos profissionais – as características pessoais. Nessa ótica distorcida, as mulheres são incapazes de ter uma liderança assertiva; de tomarem decisões rapidamente; ou de serem emocionalmente estáveis. Já os homens, por sua vez, são incapazes de serem empáticos ou de serem sensíveis às necessidades de membros da equipe.
Por tudo isso, é claro que devemos falar de gênero dentro das empresas, mas acredito que devemos falar de vieses inconscientes e, sobretudo, de crenças ultrapassadas sobre as características e traços de personalidade de homens e mulheres.
O fato é que as mulheres passam a vida profissional se adaptando a um ambiente criado para os homens e por homens. São elas que têm que alterar a maneira como falam e escrevem; mudar as roupas que vestem; achar natural serem negligenciadas, interrompidas e ter as próprias ideias creditadas aos homens. Leia o estudo completo sobre liderança feminina e igualdade de gênero neste link: “Mulheres e o mundo corporativo”.
Igualdade de gênero: como transformar as relações de trabalho?
Para mudar esse cenário, o diálogo deveria ser o caminho natural para a mudança desse mindset.
Mas, como falar para o chefe machista que ele precisa evoluir rumo à igualdade de gênero? Como abordar esse tema com outras mulheres, em especial, as que reproduzem comportamentos masculinos inadequados quando se tornam líderes?
Recomendo a leitura do livro Escute o que ela diz | Viés inconsciente – o que os homens precisam saber (e as mulheres têm a dizer) sobre trabalhar juntos, da norte-americana Joanne Lipman.
| Por Lu Magalhães, presidente da Primavera Editorial.