Homens que fingem ser cães circulam nas ruas de São Francisco
“Você é um cachorro!” Sabe esse tradicional xingamento? Então… para alguns homens é bem pertinente — e não chega nem a ser uma ofensa. Em reportagem publicada pelo The New York Times (We Live in Packs), o jornalista Blake Montgomery conta que “matilhas” de homens fantasiados de cães têm invadido a cidade norte-americana de San Francisco. Eles realmente fingem ser cães. E usam acessórios como máscaras e roupas que os tornam verdadeiros puppies.
Aliás, o nome da mobilização é Puppy Play – que reúne uma comunidade maior, envolvendo praticantes de bondage, dominação, sadismo e masoquismo (BDSM).
É uma espécie de rolezinho sexual, no qual os homens fingem; e agem coletivamente como cães: brincalhões, amigáveis e não verbais.
Como assim: existe um festival para homens que fingem ser cães?
Na reportagem, entrevistas muito divertidas com os praticantes. Um deles, Phillip Hammack – professor de Psicologia na Universidade da Califórnia Santa Cruz, 42 anos – afirma que se desliga completamente do lado humano para pensar em cada coisinha que faz na vida; passa a agir de modo instintivo e brincalhão. Outro participante, afirma que o uso de equipamentos de cães faz com que seja quem é. Embora não seja algo novo, o Pappy Play tem ganhado notoriedade e gerado negócios.
Um estabelecimento que vende itens de fetiche e brinquedos sexuais, por exemplo, reformulou a loja para aumentar a oferta de produtos para esse público. E há um concurso para eleger o cãozinho mais incrível: Leather Heart Award.
O festival Folsom Street Fair – que abriga diferentes culturas sexuais, voltado à BDSM – está repleto de cães humanos. O organizador do evento anual afirma que, nos últimos cinco anos, esse subgênero do BDSM que mais cresce.
Nos meus artigos, tenho falado muito sobre “julgamento”. Pessoas que vivem de forma diferente da convencional são o alvo predileto de questionamentos e patrulhas.
Esse é um ponto de atenção para todos nós, pois o julgamento pode ser a porta de entrada para comportamentos intolerantes. O respeito, a tolerância e a inclusão tornam a vida em sociedade uma rica experiência. Já disse isso e repito: o que eu “acho” é menos importante do que como eu “ajo” perante o diferente. Vamos ser felizes e deixar o coleguinha também ser?
Lu Magalhães, Presidente da Primavera Editorial