Lugar de fala: mulheres na liderança e mudanças no jeito de comandar
Primeiro, vamos falar sobre o que é esse ‘lugar de fala’. O termo foi popularizado nos debates sociais brasileiro há poucos anos, e é usado atualmente por diversos ativistas de movimentos sociais. O objetivo: dar voz e visibilidade a pessoas cujos pensamentos não foram considerados durante muito tempo – ou omitidos.
Mulheres na liderança: representatividade e inspiração
E, quando pensamos nesse ‘lugar de fala’ no mundo dos negócios, cada conquista deve ser celebrada. Como no caso recente de Meredith Levien, que vai se tornar a mais jovem presidente do The New York Times. Aos 49 anos, Meredith assumirá o controle da companhia de notícias — um dos veículos de comunicação mais importantes dos Estados Unidos em um momento crítico e de polarização.
Descrita como uma líder brilhante e transformadora, ela está no jornal desde 2013, quando foi contratada para a área de publicidade. Galgando postos na empresa, foi escolhida pelo conselho de administração por unanimidade. Como CEO, os desafios são continuar a expansão da base de assinantes – hoje são 6 milhões de assinaturas, sendo a meta superar os 10 milhões até 2025. Um movimento que tem por meta depender cada vez menos de anunciantes.
Lugar de fala: um espaço para que outras vozes sejam ouvidas
Mas por que falar de Meredith? Porque se ela fosse um homem, a notícia da ascensão de um profissional qualificado não seria tão significativa. E digo isso estando no meu lugar de fala. Durante séculos, os homens estão galgando posições em várias indústrias; nos conglomerados da mídia, não é diferente. Entretanto, uma mulher comandar um dos maiores conglomerados de negócios de notícias do mundo é bem diferente. Na prática – e, no mínimo – teremos uma mudança de voz no jeito de comandar.
A vez das mulheres
Entre os profissionais de gestão de pessoas é sabido que há uma diferença na forma de comandar feminina. São experiências e perspectivas distintas das masculinas que tornam esse repertório de vida e carreira diferente. Vide o destaque que países comandados por mulheres ganharam na mídia ao redor do mundo. Lideranças femininas estão a frente de algumas das melhores estratégias já vistas até aqui no combate ao novo coronavírus.
Com a experiência que tenho, há também uma outra forma de encarar a diversidade.
É necessário dar lugar de fala às pessoas que realmente vivenciam esta ou aquela realidade. Óbvio que as redações do mundo já fizeram um movimento para trazer olhares diversos para dentro das empresas de comunicação. Impossível inovar e escrever sobre a sociedade quando o próprio veículo não tem, internamente, essas vozes legítimas.
Da minha parte, estou animada para acompanhar os próximos passos do NYT sob o comando de Meredith. Certamente, ela deve oxigenar pautas, olhares e práticas de um jornal fundado há quase 170 anos. E inspirar outras mulheres também.
Lu Magalhães, presidente da Primavera Editorial