Letra “M”, de mãe: o desafio das mulheres sem educação formal
Qual é a real dimensão da educação formal na vida de uma mulher? Minidocumentário retrata a vida de mulheres que têm dificuldades de criar seus filhos por não terem estudo. Muito se fala sobre os reflexos no futuro econômico já que, no Brasil, a escolaridade está muito atrelada a vencer a pobreza – é uma forma de viabilizar a movimentação ascendente do nosso elevador social.
Entretanto, pouco se analisa o impacto da instrução no ato de criar filhos. Por isso, o minidocumentário Letra “M”, de Mãe me impressionou tanto! Produzido pela equipe do G1, ele aborda a vida de mulheres que têm dificuldades de criar seus filhos por não terem estudo. Ler uma bula ou uma receita, para administrar um remédio a uma criança, torna-se uma tarefa impossível, por exemplo.
Dados da educação formal no Brasil
Vale lembrar que a maternidade está entre um dos principais motivos para a evasão escolar de jovens mulheres com idades entre 14 e 29 anos, ou seja, 23,8% deixaram os bancos escolares porque se viram grávidas – de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), de 2019. Vivemos em um país com 11 milhões de analfabetos (entre os com mais de 15 anos), sendo que 50,13% são mulheres – e, conforme a idade aumenta, esse percentual sobe: entre as mulheres com mais de 60 anos, esse índice é de 56%.
O documentário traz histórias de quatro mulheres que não conseguem participar da vida escolar dos filhos; por outro lado, dá luz a jornadas de mães que voltam para as escolas – em projetos de alfabetização conduzidos por organizações sociais – e tantas outras que se matriculam no programa Educação de Jovens e Adultos, do Ministério da Educação e Cultura (MEC). As informações compiladas pelo documentário são essenciais para trazer clareza sobre o impacto dessa situação para o futuro do Brasil. Essas mulheres vulneráveis não conseguem oferecer às crianças os cuidados de higiene, alimentação e nutrição; elas não conseguem dialogar com a escola por ser um ambiente que nunca frequentaram. Mesmo com todas as deficiências e o abandono, são elas que estão conduzindo a educação da próxima geração do país. E estão fazendo isso sem ajuda!
Esse é o retrato do Brasil sem estudo e que continua a conduzir um massacre dos mais vulneráveis, sobretudo, de mulheres. Precisamos falar e agir para mudar esse cenário!