
Maioria no meio científico brasileiro, mulheres quase nunca chegam à liderança
De acordo com dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), há uma barreira invisível para o avanço de cientistas no mercado de trabalho. No Brasil, as mulheres estão presentes em três em cada 10 ocupações em Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática, representando 44% da força de trabalho no país, entretanto, poucas chegam a cargos de liderança.
O relatório Decifrar o código: educação de meninas e mulheres em ciências, tecnologia, engenharia e matemática (STEM) – conduzido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) – aponta que somente 28% dos pesquisadores do mundo são mulheres. Assim, essa grande participação masculina se reflete nas premiações: 572 homens conquistaram o Prêmio Nobel, enquanto o número de mulheres premiadas chega somente a 17. No Brasil, as mulheres ocupam três em cada 10 cargos em Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática, representando 44% da força de trabalho no país, entretanto, poucas chegam a cargos de liderança.
Um levantamento nacional aponta que, no país, as mulheres são maioria (58%) entre os bolsistas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) – agência federal ligada ao Ministério da Educação e Cultura (MEC) que fomenta a pesquisa no Brasil –, assim como são maioria entre os estudantes de mestrado (57%) e doutorado (54%). No entanto, elas deixam de ser maioria entre os bolsistas no exterior (48%); são minoria, também, como membros (46%) ou coordenadoras (38%) de grupos de pesquisa ou como bolsistas de pesquisa (25%) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). No comitê de seleção da ABC – a mais alta instância entre os acadêmicos – elas são apenas 7%.
Esse contexto é resultado de múltiplos fatores, sendo a maternidade apenas um deles. De acordo com dados levantados pela pesquisa, a cientista para de trabalhar para ter filhos e deixa a produção de artigos (parte essencial da ascensão na carreira) em segundo plano por um período; com isso, perde editais para conseguir novas bolsas de pesquisa e acaba sendo desligada das redes de colaboração da comunidade científica. Um cenário peculiar no qual os homens não estão inseridos. Daí a importância de criar mecanismos de apoio para que as cientistas possam se desenvolver e terem oportunidades de crescimento.
Para produzir ciência de qualidade é necessário criar um ambiente para a diversidade; é importante acolher diferentes olhares e experiências.