
Mulheres bem-sucedidas têm dificuldade em encontrar um parceiro?
Eu me deparei com essa questão – a dificuldade de mulheres bem-sucedidas em encontrarem parceiros – em uma reportagem repleta de depoimentos de profissionais altamente escolarizadas. No texto, muitas delas relatam que os parceiros, ao longo da trajetória profissional delas, tentaram minar essa ascensão na carreira.
A primeira delas conta que o ex-marido chamava de “proposta absurda” o sonho que ela tinha de ocupar postos de liderança. O segundo, um namorado, pediu-lhe que largasse tudo para viajar, cuidar dele, ter um filho. O terceiro colocava-a em um pedestal e se inferiorizava na relação. Ao olhar para esse histórico, ela conta que o sentimento é que as mulheres mais escolarizadas e em posição de poder têm mais dificuldade em encontrar e manter um relacionamento.
Na matéria, alguns profissionais especializados em Psicologia Social foram ouvidos. E, em certa medida, eles concordam com a conclusão de que cargo e boa escolaridade assustam os homens. “Há um efeito natural das mulheres serem mais seletivas do que os homens, explicação válida também para o jogo de conquista que se dá em aplicativos de relacionamento”, afirma um dos entrevistados, acrescentando que esse problema, vivenciado pelas mulheres ouvidas pela reportagem, é um fenômeno recente no Brasil, embora não cause surpresa.
Há, na minha opinião, uma cultura no país que molda esse comportamento masculino. Mulheres em situação de poder ainda são vistas como uma ameaça. Muitos homens pensam que elas são mais difíceis; que a ambição profissional não é uma característica feminina. Grande parte deles ainda valoriza mais o papel doméstico do que as competências profissionais e acadêmicas quando se trata de escolher uma parceira.
Mas como vamos quebrar essa barreira cultural e promover uma conscientização? Na reportagem, alguns entrevistados apontam que a chave está na educação das crianças. Ou seja, é preciso fomentar uma nova geração de homens para os quais cozinhar, cuidar, fazer programação de computador, estudar matemática ou costurar são tarefas que devem ser executadas por pessoas de todos os gêneros.
Na minha percepção, embora seja muito importante esse olhar para as próximas gerações, não podemos dar como perdida toda uma faixa etária que habita este país. Devemos, sim, promover um letramento em sociedade contemporânea! Ou seja, falar sobre essas inseguranças, sobre essas crenças limitantes e sobre como todos podemos construir uma nova sociedade. Óbvio que isso é difícil pra caramba! Mas, não é para ser fácil; é para ser feito.
Nós precisamos de um novo marco civilizatório!