Eleições no Brasil e a presença de mulheres na política
Sabia que o Brasil registra um dos índices mais baixos de representatividade política feminina da América Latina? De acordo com um estudo conduzido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e pela ONU, embora a presença de mulheres na política pareça estar crescendo, — na Câmara Federal, por exemplo, teve um aumento de 50% — o país está muito longe de apresentar um equilíbrio de gênero entre os poderes.
Na prática, quando pensamos na prença de muheres na política estamos na nona posição; enquanto o mais bem colocado é o México e a última posição no ranking é ocupada pelo Panamá. Não somos os útimos, porém estamos atrás de Bolívia, Peru, Colômbia, Argentina, Honduras, Guatemala e Uruguai.
Como ter representatividade sem as mulheres na política?
O levantamento aponta que embora o país tenha leis que determinam que os partidos devam ter 30% de mulheres e destinar 30% da verba do fundo eleitoral que recebem para as candidaturas femininas, essas normas são passíveis de fraudes. A questão, a meu ver, é: de que forma vamos criar leis e defender causas que são mais sensíveis ao olhar das mulheres se não tivermos representatividade no poder?
Lembro que, de acordo com dados da PNAD Contínua 2019, o número de mulheres no Brasil é superior ao de homens; somos 51,8% da população nacional. Como é possível, quando falamos de mulheres na política, figurarmos no antepenúltimo lugar nesse ranking da América Latina?
Essa conta não fecha, né?!
Eleições no Brasil: uma reflexão
Às vésperas das eleições municipais, penso que seja importante uma reflexão sobre o que cada uma de nós, mulheres, pode fazer para combater esses resultados. Nós, eleitoras, e também as candidatas. Aliás, elas (candidatas) devem fiscalizar e denunciar caso os partidos não estejam cumprindo a lei.
De acordo com um levantamento da Folha de S. Paulo, dos 33 partidos brasileiros, apenas um tem mais mulheres do que homens no diretório nacional. Para algumas das mulheres com vivência política, isso acontece porque a divisão desigual do trabalho doméstico não favorece a participação da mulher no ambiente político; e nas periferias esse contexto é ainda mais grave, porque elas estão mais preocupadas em sobreviver – deixando de lado debates por pensarem que são muitos elitizados.
Em última análise, o fortalecimento da democracia passa pelo direito de escolha; e temos o direito de escolher mais mulheres na política; mulheres que nos representem de verdade.
E, vamos combinar, competência não nos falta!
| Por Lu Magalhães, presidente da Primavera Editorial