O general ‘progressista’ e o direito ao aborto
Vamos falar sobre um assunto espinhoso? O direito ao aborto. Questionado diretamente sobre o direito ao aborto, o general Hamilton Mourão em uma entrevista ao jornal O Globo, disse o seguinte:
“Questão do aborto também é algo que tem que ser bem discutido, porque você tem aquele aborto onde a pessoa foi estuprada; ou a pessoa não tem condições de manter aquele filho. Então, talvez aí a mulher teria que ter a liberdade de chegar e dizer ‘preciso fazer um aborto‘”.
O vice-presidente do Brasil, general Hamilton Mourão ressaltou que essa é a sua opinião como cidadão – não como membro do governo. E reafirmou que acredita que o direito ao aborto é questão de opinião; “se trata de uma decisão da pessoa”.
Pausa para a reflexão… Ao contrário do que o senso comum possa levar a crer, um militar pode ter uma maneira de ler o mundo, mais progressista. Entretanto, não me iludo! Já acompanhei outras defesas do general que são muito conservadoras. Embora haja muitas manifestações elogiando, há de se analisar caso a caso, sem polarizações apaixonadas.
Em outro ponto do planeta, uma garota de 15 anos é presa por abortar. A adolescente foi condenada a seis meses de prisão na Indonésia, após fazer um aborto ao engravidar em um dos estupros cometidos pelo próprio irmão. No país, a Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que o aborto é a causa de 30% a 50% das mortes maternas.
No Brasil, pesquisadora Melania Maria Ramos de Amorim afirma que o aborto é a quarta causa de morte materna; mais de 500 mil mulheres abortam clandestinamente.
No mundo, mais de 60 países permitem o aborto sem restrições. De Paris a Cuba; de Portugal à Turquia; de Luxemburgo a Porto Rico; da Rússia à Espanha. São diferentes culturas, mas uma certeza: o corpo é da mulher – e a decisão também deve ser.
É surreal termos que relembrar a máxima “meu corpo, minhas regras”. O corpo feminino, mesmo nas culturas mais progressistas, ainda é palco de disputas. Coisa de menina; coisa de menino. Comportamento de menina, comportamento de menino. Direitos de menino; falta de direitos para as meninas. É muito exaustivo ser mulher. Mas, damos conta! Com ou sem apoio de generais, vamos defender o nosso direito ao aborto; pelo nosso direito de decidir.
Lu Magalhães, presidente da Primavera Editorial