O impacto da pandemia na vida das mulheres
Assim que o isolamento social foi proposto, a Organização das Nações Unidas (ONU) alertou as autoridades políticas, sanitárias e organizações sociais sobre as consequências dessa medida, sobretudo na vida das mulheres, pela sobrecarga de trabalho, pelo aumento potencial da violência doméstica e pela diminuição de acesso a serviços de atendimento.
E, com a pandemia da Covid -19 – decretada oficialmente pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 11 de março de 2020 – o mundo parou, mas, apesar do uso do verbo no pretérito, o aumento dos casos de infecção pelo coronavírus no mês passado demonstra que estamos longe do fim dessa crise global.
Até o momento que escrevo este artigo, apenas 28% da população mundial recebeu pelo menos uma dose da vacina.
Ao expor dados factuais, minha intenção é propor uma reflexão sobre os impactos da pandemia na vida das pessoas, em especial na vida das mulheres. O mundo parou; as mulheres, não!
O que mudou na vida das mulheres
Uma pausa foi concedida ou imposta a muitas pessoas, mas os trabalhos necessários para a manutenção da vida não tiveram trégua e, nesse contexto, temos um exército de mulheres extenuadas física e psicologicamente exercendo multitarefas – cuidados com os filhos, com os pais, com o companheiro; tarefas domésticas; atividades profissionais; e, muitas vezes, auxílio a parentes ou conhecidos adoentados e/ou acamados.
E, neste novo momento, no qual a sociedade tem como expectativa uma retomada, como essas mulheres vão se reestruturar nos aspectos educacional e social se há um déficit na questão profissional/financeira?
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), cerca de sete milhões de mulheres deixaram seus postos de trabalho no início da pandemia, ou seja, dois milhões a mais do que o número de homens em situação análoga.
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Como vai ser a vida das mulheres depois da pandemia?
Os obstáculos que as mulheres enfrentam para conquistarem respeito e cargos semelhantes aos dos homens são históricos, culturais e persistentes, independente da pandemia.
Mas se por um lado temos uma grande parcela da população feminina em situação de vulnerabilidade econômica e social – carente de políticas públicas –, por outro, algumas mulheres têm liberdade de escolha, optando, por exemplo, por ter filhos ou não e até adiando essa decisão.
Com a pandemia do coronavírus, o número de nascimentos no Brasil em 2020 foi o menor desde 1994, segundo dados do Sistema de Informações de Nascidos Vivos (SINASC), do Ministério da Saúde.
Em contrapartida, o movimento de mulheres buscando o congelamento de óvulos em clínicas de fertilização cresceu até 25%. O importante é que todas as mulheres se sintam seguras e confortáveis para vivenciar suas próprias experiências, senhoras do seu destino, não é mesmo?
A pandemia veio para modificar o mundo, trazer o “novo normal”, alertar sobre novos desafios e, nesse contexto, será necessário um esforço conjunto, com políticas de redução de desigualdades, que promovam equidade de gênero e que favoreçam melhor gestão do tempo dedicado ao trabalho é à vida pessoal, sobretudo das mulheres, possibilitando que elas saiam da condição de vítimas para protagonistas de histórias reais, intensas e com final feliz.