Você sabe o que é gaslighting?
Um tema que há tempos gostaria de trazer para esse espaço e abordar com as leitoras da Primavera Editorial é o gaslighting – do inglês, manipulação; uma forma sutil de abuso psicológico. Ele é caracterizado pela destruição gradativa da autoestima e confiança feminina. Em casos mais graves, essa mulher se anula e torna-se um punhado de medos e dúvidas.
Óbvio que a vítima não tem a menor consciência do quanto está sendo abusada, justamente porque essa agressão não é clara. Você não leva um soco na cara! Constantemente, o discurso dessa mulher é menosprezado; há uma desqualificação da fala e dos sentimentos. Essa depreciação repetitiva “quebra” e anula qualquer impulso vital, fazendo com que a abusada se torne dependente desse abusador.
Anna Naylor, cinéfila e fundadora do TudoTerror, falou sobre o gaslighting aqui no blog. Relembre: Você não está louca.
Consequências do gaslighting
Ansiedade, esgotamento, depressão e uma variedade de outros problemas psicológicos são alguns dos saldos desse relacionamento. Consequentemente, muitas das vítimas do gaslighting não conseguem denunciar ou se desprender. Ao conversar com amigas, por exemplo, não raro recebem o feedback de que podem estar exagerando. E, como não envolve agressão explícita e física, a vítima fica por muito tempo à margem de um tratamento adequado.
Em reportagem do El Pais sobre o tema há inúmeros depoimentos chocantes desse abuso psicológico de gênero. Fiquei chocada com uma mulher que torcia para que o companheiro a batesse: assim, teria elementos físicos para denunciar o abuso. Ou seja, a violência psicológica é invisível para a justiça, portanto, o abusador fica impune. Pouco a pouco, a mulher se convence de que é indefesa.
Para ampliar o debate sobre o gaslighting, gostaria de recomendar o vídeo 12 Manipulações Ardilosas do Narcisista, da mestre em Psiquiatria e expert em dependência emocional, Elizabeth Zamerul. Parte importante da libertação é ter repertório, informação. Nesse vídeo, a especialista destaca comportamentos que dão indícios sobre essa manipulação.
Debater o assunto é fundamental para não permitirmos esse tipo de abuso.
| Por Lu Magalhães, presidente da Primavera Editorial