Os brinquedos sexuais estão substituindo o sexo com homens?
A emancipação da mulher, em qualquer dimensão da existência feminina, sempre causa desconforto nas sociedades. Um exemplo recente é o debate sobre o uso de brinquedos sexuais – muitos homens acreditam que os vibradores estão sendo utilizados para a substituição do sexo com humanos. Há, inclusive, uma pesquisa recente que teve o objetivo de investigar melhor essa questão…
O estudo aponta que mulheres preferem brinquedos sexuais que não se parecem com o órgão genital masculino e não buscam substituir os homens ao fazer uso desses equipamentos. O resultado mostrou que os brinquedos eróticos preferidos não estão ligados a características de realismo ou comprimento, mas ao prazer que proporcionam. Ou seja, não são réplicas de pênis, portanto, as usuárias não estão em busca de substituir o parceiro.
A designação “brinquedos sexuais” é, de acordo com o estudo, praticamente autoexplicativa. As mulheres usam esses vibradores como forma de inaugurar um outro prazer; o descobrimento da sexualidade; uma forma de saúde sexual. Aliás, esse é um ponto muito interessante: o olhar contemporâneo para a importância do sexo como elemento de saúde. Enxergar como “substitutos do pênis” não apenas mostra desconhecimento sobre a temática como aponta um preconceito e uma miopia sobre o que de fato está acontecendo no território do prazer, especialmente, no exercício da sexualidade feminina.
Aproveito o bate-papo sobre o tema para indicar um livro, do catálogo da Primavera Editorial, que tem tudo a ver com esse tema! Indico a obra Se toca: descubra a verdade sobre o desejo e saiba como melhorar sua vida sexual, da psicóloga britânica Karen Gurney. Segundo a autora, a ciência sexual fez surpreendentes descobertas nas últimas décadas, trazendo à tona novas ideias sobre o funcionamento do desejo humano. Em contrapartida, interpretações errôneas – mediadas por tabus e preconceitos sociais – continuam moldando o entendimento geral, aumentando as lacunas de compreensão sobre o real e o imaginário.
A incompatibilidade entre as ideias sobre sexo difundidas pela sociedade e o que a ciência diz sobre a temática apresenta uma desconexão que é a raiz de muitos dos problemas sexuais, especialmente os femininos.