
Oscar e a força da memória feminina
A cineasta Charlotte Wells é um dos novos expoentes do cinema independente, e o seu primeiro longa (Aftersun) recebeu uma indicação ao Oscar, na categoria Melhor Ator. Com uma trama semiautobiográfica, a diretora conquistou cinéfilos com uma história que exercita a nossa capacidade de olhar para o passado.
A jovem diretora escocesa Charlotte Wells surpreendeu a comunidade cinematográfica europeia e a norte-americana com o seu primeiro longa. Concorrendo ao Oscar na categoria de Melhor Ator – uma das categorias mais importantes da premiação –, a indicação de Paul Mescal atraiu mais atenção para esse filme, que é um exercício de olhar para trás, para a infância e o passado. Aftersun é um filme semiautobiográfico no qual Charlotte revisita uma viagem de verão que fez com o pai, nos anos 1990. Um hotel, na Turquia, é o cenário para uma trama que convida o espectador a explorar a memória.
Desculpe-me os que discordam, mas acredito que esse filme só poderia ter sido criado por uma mulher. Isso porque, temos uma sensibilidade aguçada para perceber que nunca entendemos, em profundidade, a complexidade interior das pessoas que amamos. Mas, vale adiantar que não se trata de uma narrativa soturna; antes, traz uma história de amadurecimento por meio de um retrato familiar singular. Sophie – personagem interpretada por Frankie Corio – aos 11 anos desfruta de um tempo raro com o pai amoroso e idealista, Calum, interpretado por Paul Mescal. Vinte anos depois, essas lembranças doces se transformam em um retrato potente sobre o relacionamento paterno. E, paro o relato por aqui, para não dar spoiler!
Escrito e dirigido por Charlotte – que no currículo tem três curtas-metragens –, Aftersun é considerado uma das surpresas das indicações ao Oscar 2023. Sem contar com muita campanha, esse é um dos filmes mais elogiados de 2022! Vale lembrar que já recebeu prêmios e indicações, incluindo o Gotham, British Independent Film Awards e Prêmio dos Diretores da América (2023).