Que futuro vamos legar para as crianças do Brasil?
Pobreza e extrema pobreza atingem recorde entre crianças de até seis anos em 2021.
O número de crianças nessa faixa etária em situação de extrema pobreza subiu de 1,4 milhão para 2,2 milhões.
Reconheço que é bastante comum abordar temas mais leves no Dia das Crianças, mas em 2022 não vou conseguir seguir por esse caminho. Recentemente tive acesso a uma pesquisa da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) que aponta que a pobreza infantil atingiu níveis recordes no Brasil em 2021. A taxa de crianças residindo em domicílios abaixo da linha da pobreza chegou a 44,7% no país – o maior patamar em uma década (a análise é feita desde 2012). Em relação a 2020, houve um aumento de 8,6 pontos percentuais.
Essa pesquisa avaliou o percentual de crianças com até seis anos que vive em domicílios em situação de pobreza em relação à população total da mesma faixa etária. O que isso quer dizer? Que 45% delas estão em lares considerados pobres. Se pensarmos em termos absolutos, o número de crianças nessa faixa etária que vivencia cotidianamente uma situação de pobreza é de 7,8 milhões. Considerando o crescimento, de 2020 para 2021, mais de 1,4 milhão de crianças passaram a ser consideradas pobres. Veja bem, a população de Porto Alegre é de 1,5 milhão. Isso mostra que o avanço da pobreza – e os seus efeitos – está atingindo em cheio a primeira infância no Brasil.
O cenário é de uma tragédia imensa. Há pesquisas sérias que apontam que o desenvolvimento correto na primeira infância é crucial para o desenvolvimento cognitivo e físico de um indivíduo. A criança que passa fome e que é exposta à situação de precariedade vai ter uma produtividade menor no futuro.
Aliás, que futuro é esse?