Representatividade feminina: a ascensão das mulheres nos Estados Unidos
Debater a ascensão das mulheres na política norte-americana é vislumbrar que essa representatividade feminina pode “contaminar” o planeta e alterar a estrutura de poder nos quatro cantos do mundo.
Passados alguns dias da posse nos Estados Unidos, acredito ser pertinente uma reflexão crítica sobre a importância da conquista de uma mulher que representa o feminino em todas as partes do planeta. A vitória de uma é a conquista de todas!
Representatividade feminina: inspiração para todxs
Primeira vice-presidente mulher e negra dos Estados Unidos, Kamala Harris se tornou um símbolo dos novos tempos no mundo e da presença das mulheres na política. Aos 56 anos, o cargo é parte de uma longa trajetória de pioneirismo marcada pelo combate ao duplo preconceito: de gênero e raça. Antes, ela foi a primeira secretária municipal de Justiça de São Francisco e a primeira, na Califórnia, a ser eleita como secretária de Estado. Hoje, além da vice-presidência, atua no Senado como presidente, ou seja, é responsável por qualquer voto de desempate na casa, já que atualmente impera a distribuição equitativa entre democratas e republicanos.
Com a sua expertise, ela deve garantir que o novo governo passe a lidar – de maneira correta, na minha opinião – com questões de igualdade social e racial. Estou falando de poder de verdade, pois Kamala não será uma vice-presidente decorativa. Aliás, segundo Joe Biden, a experiência que ela teve em chefiar um Departamento de Justiça no maior Estado da Federação a qualifica a assumir os Estados Unidos caso haja alguma intercorrência com ele. De novo, estamos falando de um poder verdadeiro; no feminino em condições de igualdade. Claro que devemos considerar que o presidente é o chefe político dos norte-americanos, mas não tenho dúvida de que ela ocupará esse posto tão longo seja possível.
Representatividade é inspiração
Ainda sobre a presença do feminino – de maneira dignificada – na posse de Kamala e Biden, não posso deixar de destacar uma jovem de 22 anos. Socióloga, graduada pela Universidade de Harvard, Amanda Gorman roubou a cena ao declamar The Hill We Climb (A montanha que escalamos, em livre tradução), poesia que concluiu em 6 de janeiro, ao assistir a invasão do Capitólio. A exposição que obteve fez com que os seus próximos livros – que serão lançados em setembro de 2021 – chegassem à lista dos mais vendidos da Amazon.
Mas, por qual motivo é importante exaltar essa conquista da Kamala Harris? A minha leitura é que debater a ascensão das mulheres na política norte-americana é vislumbrar que essa representatividade feminina pode “contaminar” o planeta e alterar a estrutura de poder nos quatro cantos do mundo. Ter lideranças políticas mais diversas – mesmo quando não ocorre no nosso país – deve ser motivo de celebração, porque essas conquistas inspiram e fortalecem o sonho de um futuro melhor.
Lu Magalhães, presidente da Primavera Editorial.