Representatividade na ciência: transexual brasileira é premiada nos Estados Unidos
Sabe aquela notícia que nos faz pensar que o mundo está avançando? Pois, bem…essa é uma delas. Aos 33 anos, a cosmóloga brasileira Vivian Miranda – pesquisadora nos Estados Unidos e cientista colaboradora da NASA (National Aeronautics and Space Administration) ganhou o Leona Woods Award. Um passo na luta para mais representatividade na ciência: de mulheres, de grupos LGBTQ+ e outras minorias
Sobre representatividade na ciência
O prêmio reconhece o sucesso de cientistas mulheres, de grupos subrepresentados e LGBTQ+ na área da Física. Concedido duas vezes por ano desde 2017 – pelo Departamento de Física do Laboratório Nacional Brookhaven, o prêmio tem o objetivo de fomentar a diversidade na instituição.
A física brasileira colabora com a agência espacial dentro do projeto do telescópio WFIRST. Antes disso, Vivian superou seu próprio preconceito quando conheceu exemplos de pessoas transexuais na academia. Viu só como representatividade na ciência é muito importante!?
Por medo de prejudicar a própria carreira e ficar na marginalidade, somente iniciou a transição de gênero em 2017, após concluir o doutorado em cosmologia na Universidade de Chicago.
Fiquei especialmente animada com o depoimento dela sobre o empenho das universidades norte-americanas para integrar as pessoas transexuais.
Óbvio que aqui no Brasil estamos anos-luz dessa mobilização, mas toda a inspiração é muito bem-vinda. Aliás, a Leona Woods – que dá nome à premiação – é a própria inspiração para pensarmos cada vez mais em ações que mostrem que representatividade na ciência é essencial.
Quem foi Leona Woods
Nascida em 1919, ela é uma das poucas cientistas que trabalharam no Projeto Manhattan: responsável pela bomba atômica nos Estados Unidos entre 1939 e 1946. Leona ajudou a construir o primeiro reator nuclear.
A conquista de Vivian Miranda deve ser comemorada por todos que estão conectados com a necessidade de criarmos uma nova sociedade em que todos encontrem a representatividade na ciência e em todas as outras áreas da sociedade.
No Brasil: um longo caminho pela frente
Atualmente, poucas transexuais têm acesso a bons empregos e salários dignos. Em meio a tantas notícias de desrespeito, esse prêmio nos faz sonhar com uma realidade inclusiva e respeitosa.
Aliás, em maio, tivemos uma boa notícia. Pessoas que se identificam como sendo do gênero feminino – transgênero e transexuais – poderão contar com a Lei Maria da Penha. A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania aprovou o Projeto de Lei do Senado 191/2017, que amplia o alcance da norma. Vamos acompanhar os próximos passos, já que a proposta seguirá para análise da Câmara.
Mas me diz: quantas mulheres cientistas você conhece? E quantas delas são transexuais?
Lu Magalhães, presidente da Primavera Editorial