Saúde mental: como está a mente e a libido do brasileiro na pandemia
Como está a saúde mental do brasileiro nesta pandemia? Isolamento, crise econômica, desemprego (ou possibilidade de desemprego) e até própria ansiedade em relação à contaminação com a doença são alguns dos fatores que estão afetando nossa mente nos últimos meses.
Um estudo, realizado com 1.515 brasileiros de todas as regiões do Brasil, idades e classes sociais, avaliou questões como hábitos e rotinas, sentimentos e reações físicas, e impacto na alimentação e na libido de casados e solteiros durante a quarentena.
Esse mapeamento, Saúde da Mente & Pandemia, conduzido pela NOZ Pesquisa e Inteligência em parceria com o Instituto Bem do Estar, mostrou que podemos estar vivendo uma epidemia oculta de depressão e ansiedade.
Precisamos falar sobre saúde mental
Menos libido, insônia, medo…
Quarenta e nove por cento dos brasileiros casados – ou que vivem em união estável – afirmam estar com menos libido; entre os solteiros, esse percentual é de 34%. Do total de respondentes da pesquisa, 14% afirmaram que o desejo sexual aumentou; entre os solteiros, esse índice é de 21%; e 8% entre os casados.
A insônia parece afetar os mais jovens: o percentual de entrevistados que afirmam estar com o problema é crescente nessa faixa etária, sendo 60% entre os que têm menos de 30 anos; 52% entre os com 31 e 50 anos; e 43% entre os com mais de 51 anos.
O medo predominou durante o período analisado (maio de 2020) para 71% dos entrevistados, seguido do aumento da preocupação e insegurança. Na análise do cruzamento entre sentimentos e reações físicas, de acordo com o grau de escolaridade e renda, a pesquisa mostrou que, enquanto 8% dos entrevistados com ensino fundamental ou médio afirmam nunca terem se sentido inseguros, entre os com pós-graduação, esse índice é de apenas 3%. E, para 31% dos brasileiros com ensino fundamental ou médio, houve aumento do sentimento de insegurança; entre os com pós-graduação, esse percentual foi de 19%.
Para 80% dos que perderam o emprego durante a pandemia, há mais insegurança. Destes, 33% reportam estarem muito mais inseguros depois que a quarentena começou. Entre os que tiveram dispensa temporária (suspensão do contrato), 81% se sentem mais inseguros, entre estes 26% muito mais inseguros. Para os que estão trabalhando e não sofreram alterações na rotina, 58% se sentem mais inseguros. Ou seja, desempregado ou não, todos estão mais inseguros quanto ao futuro. E isso afeta – e muito – a nossa saúde mental.
O perfil da amostra deste estudo foi composto por 21% homens, 71% mulheres e 7% não informado. A maior parte dos entrevistados (75%) mora no Estado de São Paulo, epicentro da pandemia no Brasil, e 25% distribuídos por todas as regiões do País.
Acredito ser muito importante estarmos atentos a esse tipo de levantamento, porque falar de saúde mental sempre foi um ponto delicado da nossa sociedade. E não falar sobre o assunto pode trazer uma segunda onda de estragos à saúde.
Desafios da nova geração
Envolto em preconceitos, esse tema é sensível, sobretudo, quando envolve mulheres, jovens adultas e meninas. Embora haja um aumento de casos de ansiedade e depressão, por exemplo, entre adolescentes de ambos gêneros, os estudos apontam que a incidência é maior entre meninas. E isso em todo o mundo.
Para ampliar o debate e trazer informações qualificadas sobre a temática, recomendo a leitura do livro Estresse e Ansiedade: Encarando a epidemia nas garotas, da PhD Lisa Damour. Esse é um assunto que deve estar no radar de todas nós!
Como melhorar a saúde mental
Existem várias maneiras de melhorar nossa saúde mental, e elas não custam muito. Ouvir música, meditar, aplicar técnicas de respiração, ler livros e estar próximo a natureza são algumas formas de você se sentir menos ansioso, menos inseguro – e mais feliz.
Inclusive, muitas pesquisas já comprovam que essas atividades são mesmo benéficas. Recentemente, médicos da Escócia passaram a prescrever tempo na natureza para seus pacientes. O programa, inédito no Reino Unido, visa reduzir a pressão arterial, a ansiedade e aumentar a felicidade para aqueles que têm doença mentais, diabetes e doenças cardíacas. Enquanto isso, no Canadá, médicos estão indicando a arteterapia, como visitas a museus de arte e exposições, para pacientes com depressão e outras doenças crônicas.
E ler livros também. Ler relaxa e ao mesmo tempo requer que sua mente esteja focada. Afinal, ficar absorto em uma história faz as duas coisas simultaneamente: retira sua mente da ansiedade, e te dá uma história para pensar. Você pode descobrir que ler um romance sobre alguém que superou um problema pode até ajudar a se sentir mais calmo. Não só isso, ler reduz a pressão arterial e os batimentos cardíacos. Respiramos mais devagar quando lemos e isso relaxa também nossos batimentos cardíacos.
| Por Lu Magalhães, presidente da Primavera Editorial