Ser mulher no Brasil: um pouco sobre a violência contra a mulher
É verdade: ser mulher no Brasil não é seguro.
Em 2018, 1,6 milhão de mulheres foram espancadas ou sofreram tentativa de estrangulamento, enquanto 22 milhões de mulheres sofreram algum tipo de assédio.
Onde? O levantamento aponta que 42% dos casos de violência ocorreram dentro do ambiente doméstico. Viu só como ser mulher no Brasil é periogoso?
Sobre ser mulher no Brasil em números
Um outro número preocupante é que, após sofrer agressão, apenas 48% das mulheres denunciou ou procurou ajuda. Muitas das que sofrem o abuso doméstico continuam em casa. E aí vem o questionamento que acaba culpabilizando a vítima: por quê? Por que ela continua? Por que ela aceita? Em muitos casos, porque ela não consegue sair dali. Porque o sistema é falho, e nem sempre o culpado sofre as devidas consequências. Porque o abuso também é psicológico. Porque ela tem medo que não acreditem nela. Porque ela tem medo de morrer.
Em 2016, uma jovem de 16 anos foi estuprada por mais de 30 homens em uma comunidade no Rio de Janeiro. Ela foi até a casa de um homem com quem se relacionava há 3 anos, foi dopada e sofreu o estupro coletivo. Tudo foi filmado e registrado pelos homens que estavam ali e, no dia seguinte, as imagens já circulavam na internet. Quando a notícia foi divulgada, houve, mais uma vez, o questionamento à vítima: mas o que ela estava fazendo na comunidade? O que ela foi fazer na casa de um homem? Ela não era usuária de drogas?
O questionamento deveria estar em cima do agressor, mas ao questionarem a mulher, a vítima, depositam em cima dela uma culpa que não existe. Não existem desculpas. Não interessa a roupa que ela estava usando, o lugar que ela estava frequentando, a quantidade de bebida e/ou drogas que ela ingeriu. Violência e abuso contra a mulher são crimes, e a única pessoa culpada é o agressor.
Há 536 casos de violência contra a mulher por hora no Brasil e os números não mentem: já passou da hora de nos perguntarmos por que o homem agride e violenta, ao invés de questionar por onde a mulher andava quando sofreu o abuso.
Anna Naylor, vivendo por cinema e café