
Talibã dificulta acesso de mulheres a anticoncepcionais
Em muitas partes do mundo, o corpo feminino é o local onde as guerras são travadas. Um dos exemplos recentes é o Afeganistão, no qual combatentes do talibã têm visitado farmácias para impedir a venda de métodos contraceptivos. A informação foi divulgada pelo jornal The Guardian e confirmada por obstetras e farmacêuticos do país.
Em Cabul, no Afeganistão, farmacêuticos estão recebendo “visitas” de membros do grupo terrorista talibã. O objetivo é garantir que os profissionais retirem injeções e medicamentos contraceptivos das prateleiras; a alegação é que a contracepção é uma conspiração ocidental para controlar o crescimento da população mulçumana. Armados, exigem que a venda de anticoncepcionais seja encerrada; o mesmo ocorre em clínicas de ginecologia e obstetrícia. Embora o governo não confirme a informação, a reportagem do jornal The Guardian comprovou a intimidação de profissionais da saúde para que não auxiliem as mulheres no processo de prevenção à gravidez.
De acordo com a reportagem, uma em cada 14 mulheres afegãs morre de causas relacionadas à gravidez, sendo o Afeganistão um dos países mais perigosos do mundo para dar à luz. Classificando o planejamento familiar como uma agenda ocidental, a proibição do talibã é apenas uma das facetas do ódio que esse grupo dedica às mulheres. De acordo com relatório do Human Rights Watch, o atendimento médico é precário para as afegãs, mesmo antes do regime atual. Os dados de 2021 já apontavam que para os estimados 61% a 72% das mulheres afegãs que vivem na pobreza o acesso à contracepção moderna é uma falácia. Muitas enfrentam gestações de risco por falta de cuidados médicos e passam por procedimentos que poderiam ser realizados com mais segurança.
Ativistas dos direitos reprodutivos e das mulheres estão preocupados que a queda no uso de contraceptivos aumente, ainda mais, os casos de mortalidade materna em um dos países que está na lista dos mais perigosos para se dar à luz, como já mencionei. Como mulher, vejo com grande indignação o avanço de governos opressores que têm por marca um ódio evidente pelo feminino.
Ver o mundo se calar enquanto mulheres são mortas de maneira lenta e brutal é, no mínimo, um processo de derrota dos marcos civilizatórios.