Teste às cegas na contratação de pessoas: sobre coisas que não se pode controlar
Esse post é para falar sobre o nosso próximo lançamento, Escute o que ela diz. A obra trata da necessidade (urgente!) de os homens ouvirem o que as mulheres têm a dizer dentro do ambiente de trabalho.
Elas têm muito a contribuir e, por diversas vezes, ainda não são ouvidas. E isso acontece devido ao machismo estrutural, sim, mas também ao que foi denominado como “viés inconsciente”, definido como: “os preconceitos que todos enterramos tão profundamente dentro de nós que nem sequer percebemos que existem” (LIPMAN, p. 71).
Nesse primeiro de maio, teríamos uma imensidão de conteúdo para publicar, desde o desemprego que está atingindo grande parte das mulheres no Rio de Janeiro até a pesquisa recente que divulgou a dificuldade de pesquisadoras conseguirem finalizar seus projetos quando se compara a pesquisadores homens. No entanto, o que quero falar hoje é algo bem anterior a esses – péssimos – resultados: tudo passa pela contratação de pessoas, e ela é transpassada por preconceitos conscientes e inconscientes, estruturais e culturais e por aquela necessidade intrínseca do ser humano em procurar gerar afinidades aos seus semelhantes.
Por que o teste às cegas para os recrutadores é mais justo na contratação de pessoas?
O processo de contratação tradicional é sempre permeado por emoções, e as emoções não podem ser subestimadas; “o papel da emoção emerge consistentemente como um dos desafios mais desconcertantes, que prejudica tanto os esforços para a equalização das contratações e dos locais de trabalho quanto a comunicação entre as pessoas na vida cotidiana” (LIPMAN, p. 193).
Com isso em mente, muitas empresas estão aderindo ao chamado “teste às cegas”, onde o recrutador não sabe diversas informações, como idade, escolaridade e gênero!
Os resultados foram surpreendentes, mas não vou revelar todos para não dar spoiler demais do nosso livro. Entretanto, o que posso dizer por hora é: surgiram diversas iniciativas de criação de softwares, aplicativos e outros métodos para tornar o teste às cegas mais efetivo e disseminado, o que é incrível.
O Google Chrome, por exemplo, tem uma extensão, o Unbias, que remove as fotos de perfil e nomes no LinkedIn. A iniciativa tem como fim o recrutador ter a possibilidade de encontrar diversos perfis sem ser influenciado por seus vieses inconscientes de gênero. Um autêntico teste às cegas em tempos de redes sociais.
Outro software interessantíssimo é Interviewing.io, uma espécie de aplicativo de chamada para entrevistas em anonimato, e seu diferencial é que ele remove a voz do participante.
As iniciativas são muitas, mas não podemos também mascarar o cerne do problema. Se a contratação é imparcial, mas o ambiente de trabalho não, o sistema ainda está falho e precisamos mudar. Então devemos refletir para alterar todo o cenário, e não apenas uma parte dele.
Se você quiser saber mais sobre viés inconsciente, teste às cegas e outras coisas que não podemos controlar. Sugiro a leitura da pesquisa feita pela ONU Mulheres, PwC, Insper e Mulher 360, disponível aqui.
Um livro importante para melhorar o ambiente de trabalho para todos
E se quiser saber ainda mais sobre como lutar e conquistar um ambiente de trabalho com menos preconceito e vieses, compre o livro Escute o que ela diz.
Minha esperança é que as informações contidas neste livro sejam úteis para os homens que queiram aprimorar sua vantagem competitiva, e que podem seguir algumas dicas práticas para descobrir e se envolver com mulheres ― sem julgamento ou culpa.
E quanto às mulheres, minha esperança é que recebam um novo conjunto de ferramentas para derrubar barreiras agora mesmo.
Larissa Caldin, publisher da Primavera Editorial.