
Uma jornada feminina à Serra da Capivara
O olhar feminino é muito surpreendente, sobretudo porque norteia uma ação de uma potência incrível!
Claro que a afirmação parece ser tendenciosa, por eu ser uma mulher, mas enxergo muita verdade nela ao me deparar, diariamente, com exemplos que endossam essa reflexão. Acredito que esse seja o caso de uma das nossas autoras, Edna Bugni. Médica paulista, ela fez a primeira visita à Serra da Capivara, no Piauí, em 2012, como turista. Sob o impacto do emblemático parque, quis comprar livros para melhor conhecer a história de uma descoberta que revolucionou a arqueologia mundial mas, para sua surpresa, havia poucos registros sobre o tema. É aqui que entra a força feminina: se há um problema, posso revolvê-lo!
Inconformada com a falta de registros, tomou para si a tarefa de reunir e ordenar as informações científicas, administrativas, políticas e sociais que compõem a narrativa histórica do maior patrimônio arqueológico e cultural do Brasil. Em conversa com Edna, ela me conta que ao saber que havia pouca informação disponível, entendeu a profundidade do desconhecimento de cada brasileiro sobre um dos nossos patrimônios históricos mais especiais. E, em um surto de prepotência, arriscou e disse para si mesma que iria contar essa história! “Voltei para São Paulo completamente tomada pelo projeto. Fiz alguns contatos com a minha editora e, após verificar a viabilidade teórica do projeto, coloquei a primeira pedra…”, conta Edna. Três meses depois da primeira viagem ao Piauí, Edna voltou a São Raimundo Nonato – a primeira de uma série de visitas – para uma longa jornada de pesquisas, análises, entrevistas e escrita que consumiram mais de sete anos.
O resultado dessa jornada incrível é o livro Serra da Capivara: a surpresa do século, no qual Edna exercitou o talento de pesquisadora. O esforço resultou em uma obra que reúne e ordena as informações científicas, administrativas, políticas e sociais que compõem a narrativa histórica do maior patrimônio arqueológico e cultural do Brasil. Nem preciso dizer o quanto recomendo a leitura desse livro no qual a autora abarca cerca de 60 anos de história do maior acervo de pinturas rupestres a céu aberto do mundo. Sem se desviar de polêmicas, ela dedica páginas ao debate internacional sobre a datação desses vestígios encontrados no Piauí – os mais antigos das Américas e que propõem novas teorias sobre a chegada dos primeiros homens ao continente.
Edna Bugni é mais uma autora brasileira que merece ser lida, reverenciada e prestigiada pelas leitoras!