O contingente de mulheres brasileiras que não frequenta e têm vergonha de ir ao ginecologista
É mais do que um problema de saúde pública revelado pela falta de acesso a ginecologistas; as mulheres sentem vergonha de ir ao ginecologista.
Quatro milhões de brasileiras nunca foram ao ginecologista ou obstetra, e outros 5,6 milhões não costumam ir.
Esses são dados de uma pesquisa DataFolha de 2018, mas oferece um panorama assustador do problema – especialmente se pensarmos no impacto da pandemia.
O isolamento social deve ter aumentado esse contingente de mulheres que, dentre outras razões, sentem vergonha de ir ao ginecologista e não vão ao médico.
Entre os outros motivos, o levantamento também apontou a dificuldade no agendamento de consultas no Sistema Único de Saúde e a ausência de um profissional nas proximidades da residência delas.
Vergonha: principal motivo de não ir ao ginecologista
Entretanto, de acordo com o mapeamento Expectativa da Mulher Brasileira sobre a sua Vida Sexual e Reprodutiva: as relações dos ginecologistas e obstetras com suas pacientes, 11% das entrevistadas citaram que têm vergonha de ir ao ginecologista.
Dados como esses revelam que um número grande de brasileiras sente total desconexão com o próprio corpo – e desconhece sobre os procedimentos e a ética que envolvem a medicina.
Quando escuto que uma mulher tem vergonha de ir ao ginecologista, fico com a impressão de que não saímos dos anos de mil e oitocentos.
Muito triste e preocupante, porque além de ser um problema de saúde pública, é uma questão que demanda uma mudança de cultura urgente.
Afinal, vivemos em um país no qual as doenças sexualmente transmissíveis ainda são muito presentes; e ter acesso à informação e ao tratamento conduzido por esse profissional é essencial para ter uma vida digna.
O ginecologista é uma presença essencial para diferentes fases da vida feminina. E eu defendo o SUS com todas as minhas forças.
Mas, além de melhorar o acesso, o Sistema Único de Saúde precisa endereçar campanhas de esclarecimento e informação para que mais mulheres sejam atendidas e cuidadas; para que elas não sintam mais vergonha de ir ao ginecologista.
Faz parte do autoconhecimento, da saúde e da longevidade de toda mulher.