A igualdade de gênero e a literatura feminina na Estônia
Sempre que viajo fico atenta a todas as informações que me ajudem a entender a estrutura social e econômica do território. Acredito que, dessa forma, consigo conhecer mais sobre como as mulheres vivem e se expressam em diferentes culturas.
Por motivos profissionais, estou na Estônia – uma sociedade na qual as mulheres desempenham um papel significativo e têm um alto grau de igualdade com os homens se comparar a outros países. Elas estão bem representadas na educação, contando com níveis de escolaridade que superam, em muitas vezes, os homens. Por outro lado, embora tenham forte presença no mercado de trabalho, ainda há lacunas salariais e de representação em alguns setores; um ponto importante é que existe uma lacuna na participação feminina, especialmente em cargos de alta liderança.
Ao ler mais sobre o país – sobretudo, na imprensa –, vejo que o governo estoniano tem implementado políticas para subir a régua da igualdade de gênero, ou seja, há uma consciência crescente sobre a importância da ampla participação feminina em todos os aspectos da vida social, econômica e política da Estônia. Aqui, onde elas são a maioria da população, o desafio de conciliar o trabalho com a vida familiar é bastante relevante.
Conhecida como um país líder em tecnologia digital e governança eletrônica, a Estônia tem uma rica herança cultural e histórica; possui, ainda, belas paisagens – a face mais conhecida do país –, mas gostaria de citar a tradição literária construída, sobretudo por autoras notáveis como Lydia Koidula (uma das primeiras poetisas do país); Marie Under (poetisa, indicada ao Nobel de Literatura); Viivi Luik (autora contemporânea, cuja obra inclui poesia e prosa); Leelo Tungal (autora infantil e poeta); e Sofi Oksanen, que, embora seja finlandesa, fincou raízes na Estônia, com um obra que explora a história e os problemas sociais do país. Essas escritoras contribuíram não apenas com o cenário cultural – com produções de poesia, ficção, drama e literatura infantil – como ajudaram a levar conteúdo qualificado para além das fronteiras do país.
Por último, destaco a luta do país contra a violência doméstica – uma praga que atinge não só essa, mas tantas outras sociedades! Embora já possua uma estrutura legal e várias iniciativas para combater a violência de gênero, o país tem aprimorado suas leis para proteger as vítimas e punir agressores. Entre as ações, estão programas para apoiar as mulheres e a decisão de ser signatária da Convenção de Istambul, o primeiro instrumento vinculativo da Europa para prevenir e combater a violência contra mulheres e a violência doméstica.
(Foto tirada por Lu Magalhães, Catedral de Alexandre Nevsky em Talín, Estônia)