Brasil: mulheres passam de 100 milhões pela primeira vez
Somos mais de 100 milhões no Brasil, e pela primeira vez na nossa história, a população feminina chega a essa marca. Na prática, há seis milhões de mulheres a mais que homens. E o que nos trouxe aqui? De acordo com analistas do Censo, o envelhecimento populacional é um dos fatores; as mulheres vivem, em média, sete anos a mais do que os homens. Um outro ponto é a mortalidade masculina na juventude e na vida adulta, acentuada pela violência.
O Censo 2022, divulgado neste ano, revela que as brasileiras são 51,5% da população do Brasil, ou seja, para cada 100 mulheres há 94,2 homens. No Norte, essa diferença é menor: são 99,7 homens para 100 mulheres. No detalhe dos números, vemos que a análise da população com até 24 anos mostra que os homens são maioria nessa janela etária; a partir daí, a predominância é feminina. A cidade do país onde o número de brasileiras é maior é Santos, com as cidadãs representando 54,68% da população. Na faixa etária entre 85 e 89 anos, a cidade tem 44 senhores para 100 senhoras.
Na prática, a Revolução Prateada está avançando no Brasil. Ou seja, a longevidade é uma realidade e um desafio para o nosso futuro. E essa transformação demográfica é feminina! Temos, diante desses dados, que repensar a economia, a oferta de serviços e produtos e a cultura de um país que idolatra a juventude. Temos que alargar a visão para abarcar uma população mais madura. Do ponto de vista do consumo de livros, por exemplo, não vejo uma movimentação do mercado para entender como podemos incentivar a leitura no público sênior. E, mais: como as leitoras podem ter maior representatividade, seja como autoras, seja como leitoras.
Da parte da Primavera Editorial, antecipo que estamos muito antenadas a essas transformações sociais, especialmente porque a bandeira da inclusão precisa abraçar a diversidade etária. Temos mais leitoras potenciais no Brasil, e elas têm mais de 60 anos; são mulheres que integram uma geração completamente diferente das anteriores, ou seja, o “envelhecer” dessas mulheres que “queimaram sutiãs” e viveram a sexualidade com a pílula anticoncepcional é totalmente novo! E a literatura já está traduzindo e representando essa Revolução Prateada Feminina!