Feminicídio no Brasil e na França: números diferentes, mas o mesmo problema
Dados divulgados em 2023 apontam que o número de vítimas de feminicídio no Brasil – tendo por base o comparativo entre 2021 e 2022 – cresceu 5%; foram 1,4 mil mortes motivadas pelo gênero, ou seja, uma a cada seis horas.
O levantamento revela que o país teve 3,9 mil homicídios dolosos (intenção de matar) de mulheres no ano passado; sendo que 12 Estados apresentaram maior alta de assassinatos de mulheres e 14 tiveram mais vítimas de feminicídio no período estudado. Mato Grosso do Sul e Rondônia são os com maior índice desse tipo de crime, de acordo com o Monitor da Violência, um núcleo de estudos conduzido pela Universidade de São Paulo em parceria com o G1.
Na França, 118 mulheres foram mortas pelo cônjuge ou ex-cônjuge em 2022. Dados do Ministério do Interior, compilados no relatório anual sobre mortes violentas entre casais, apontam que 37 dessas vítimas já tinham sofrido violência doméstica; 24 delas haviam denunciado as agressões à polícia. Em 2021, foram registrados 122 feminicídios. O governo francês aponta um aumento de 45% na tentativa de homicídio entre casais – foram 267 vítimas do sexo feminino registradas em 2022.
A exposição dos dados dos dois países não tem o objetivo de comparar para estabelecer noções de grandeza dos números versus população feminina. Antes, a proposta era mostrar que mesmo em culturas distintas, modos de vida diferentes e acesso a mais ou menos direitos, o problema da violência de gênero é um absurdo presente no tecido social contemporâneo. Ou seja, homens de diferentes países se acham no direito de tirar a vida de mulheres. A violência de gênero é uma doença que precisa ser eliminada do planeta! Precisamos buscar um marco civilizatório que impeça a escalada desse desmando contra as mulheres e, na minha opinião, temos que gerar um debate sem fronteiras sobre o tema para entender, coletivamente, como eliminar esse comportamento.
Claro que os países devem coibir a violência com leis e iniciativas locais, mas esse problema demanda um esforço coletivo de toda a humanidade.