
Feminismo juvenil e contradição
Amigas com filhas adolescentes têm relatado uma mudança no comportamento das jovens quando passam a namorar: de engajadas no movimento feminista à aceitação das vontades do outro. Tudo em nome do desejo de agradar.
O olhar que dedico às causas e às questões feministas é atento e muitas vezes capta o que eu não entendo prontamente. Quero dizer que as movimentações são, às vezes, tão pouco compatíveis com o mundo atual que não me permitem fazer uma leitura correta de bate-pronto. Estou nesse momento. Amigas e conhecidas com filhas adolescentes têm me relatado, em rodas de conversa, estranheza no comportamento das garotas quando passam a namorar. Do discurso libertador e feminista – que pauta essa geração –, elas começam a se comportar com extrema dependência e aceitação dos desejos do outro. Nesse contexto, a vontade de agradar o namorado impera.
A sensação de culpa e de estar em dívida com o outro também aparece. As garotas vivenciam uma relação na qual o namorado passa a ser a medida entre todas as coisas. Sair com as amigas ou praticar alguma atividade de que gosta só é possível se ao olhar do namorado aquilo for legítimo. Parece distante das conquistas da minha geração e pouco condizente com o discurso dessa geração.
Claro que muitas leitoras podem achar um exagero essa minha percepção; podem argumentar que estou me baseando em exemplos isolados. Não me recuso a aceitar essa possibilidade, mas, com preocupação, ainda penso que não se trata disso. De qualquer forma, a observação atenta é o caminho! Temos que acompanhar e estar prontas para apoiar essa nova geração.
Fizemos um caminho árduo para chegar até aqui e ainda temos muitos desafios no horizonte. E não podemos deixar de ver que há uma onda conservadora varrendo o mundo. Portanto, o momento requer atenção!