Masculinidade tóxica: como combater
Os homens devem se engajar no combate à violência contra a mulher e atuar para acabar com a masculinidade tóxica, você não acha? Essa é a opinião do médico Denis Mukwege, um dos vencedores do Prêmio Nobel da Paz.
Em 2018, ele dividiu esse reconhecimento mundial com Nadia Murad, vítima do Estado Islâmico. Com um discurso potente, o ginecologista congolês é categórico ao afirmar que devemos ir à fonte da desigualdade entre homens e mulheres; defende que a chave da resolução do problema está na responsabilidade compartilhada e na eliminação desse modelo de masculinidade que tem resultado em catástrofes.
A masculinidade tóxica seria um gatilho para diversos tipos de violência. Leia mais sobre como isso pode afetar os meninos.
Sobre violência e a relação com a masculinidade tóxica
O estupro, segundo ele, é uma arma de guerra mesmo em tempos de paz; e os criminosos seguem protegidos pela lei do silêncio. Quando há guerra, a prática assume dimensões inimagináveis. A violação dos direitos femininos se agrava e o corpo passa a ser utilizado como parte do campo de batalha em continentes. Quando o estupro acontece em público humilha toda a comunidade; é uma maneira de traumatizar não apenas a vítima, mas a sociedade.
Em uma série de entrevistas, Mukwege alerta que as sociedades devem parar de mandar mensagens de que homens são diferentes; de que as mulheres são cidadãs menores. Educar e ajudar a quebrar o silêncio. “Não me incomodo de poder pensar que a mulher é o futuro da nossa humanidade. Somos todos nascidos de uma mulher, nós temos irmãs, temos esposas, temos mãe”, afirma.
E, voltando ao tema da masculinidade tóxica, uma enquete conduzida com 19 mil homens no Brasil mostrou que 72% afirmaram que foram ensinados a não mostrar fragilidade; 60% foram instruídos a não demonstrar emoções; 40% disseram que se sentem solitários – sentem o peso do “ser homem”. Ou seja, essa forma de viver a masculinidade está matando as mulheres e perpetuando uma condição inadequada para a construção da sociedade que precisamos; nos impedindo de atingir um novo patamar civilizatório.
Para saber mais sobre a temática, recomendo o documentário “O Silêncio dos Homens”, produzido pelo site Papo de Homem e com acesso gratuito. É urgente falarmos sobre o tema e agirmos!
Outro filme que conseguiu falar muito bem sobre o assunto em apenas 8 minutos é o curta da Pixar, Purl (assista abaixo):
Lu Magalhães, presidente da Primavera Editorial