
A principal causa de morte infantil: a prematuridade
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta para uma emergência silenciosa: o nascimento de bebês prematuros se tornou a principal causa de mortes infantis, representando um em cada cinco de todos os óbitos de crianças com até cinco anos de idade.
Na década que compreende de 2010 a 2020, O Globo registrou 152 milhões de partos prematuros. Na prática, 13,4 milhões de bebês nasceram antes do tempo previsto em 2020; quase um milhão morreu por conta de complicações, ou seja, um bebê em cada 10 nascidos precocemente.
O relatório – conduzido pela OMS em parceria com a Unicef – classifica que antes de 37 semanas de gravidez, o parto é considerado prematuro. Além das mortes, os que sobrevivem enfrentam consequências ao longo da vida, como a maior probabilidade de atrasos ou dificuldades no desenvolvimento. Um assunto que se mostra em números expressivos requer um olhar mais atento. Ao fecharmos os olhos para esses dados, podemos estar impedindo um importante debate.
O levantamento aponta que o Brasil é o 10º país no ranking mundial, configurando um problema de saúde pública. De acordo com levantamento da ONG Prematuridade.com, 30% das mães e dos pais de bebês prematuros desconheciam o tema antes de passarem pela experiência; e 30% conheciam muito pouco. Ou seja, a temática está permeada pela desinformação, que pode (e deve) ser combatida com o comprometimento da Atenção Básica à Saúde. E vale destacar que, entre as causas para a prematuridade, estão a falta de acesso ao pré-natal e até o estresse causado pela violência obstétrica.
Esse é um tema que precisa sair do campo da obscuridade e da desinformação para se tornar pauta do debate público. Quando falamos em violência obstétrica – essa temática correlata a partos prematuros – estamos falando de um país que não conta com leis federais que definam claramente o que isso significa. Os atos considerados violações dos direitos das gestantes e parturientes, quando reportados, são enquadrados como lesão corporal ou importunação sexual, por exemplo.
O desrespeito à autonomia feminina e ao corpo da gestante são apenas uma das faces de uma violência contra a mulher. Isso precisa mudar!