
Mães não querem ser guerreiras
Em uma participação no programa Papo de Segunda, exibido pela GNT, a atriz e apresentadora Giovanna Ewbank soltou o verbo e proferiu uma frase que povoa a intimidade de muitas mulheres: “Eu não quero ser a guerreira. Eu quero ser a mãe que chora, que não está a fim. Eu não quero brincar sempre! Quero ler um livro e não ter vergonha de falar sobre isso”.
O mito da Mulher-Maravilha – que dá conta de tudo – está sendo questionado, já há algum tempo. A cobrança pela perfeição feminina não cabe mais em uma sociedade que precisa repactuar uma série de crenças limitantes.
Desconcertante, esse é um daqueles livros que desarmam o leitor pelo alto teor de honestidade. Aos 29 anos, planejando o casamento, Meaghan se descobre grávida, e a partir desse momento, uma enxurrada de emoções – nem sempre boas, nobres ou de acordo com o que se espera de uma grávida. Trata-se de lançar um novo olhar para um velho tema; entre muito susto, questiona-se a suposta natureza materna das mulheres e um parto difícil.
A autora e a entrevista de Giovanna levaram-me a um lugar de profunda reflexão. Será plausível esperarmos das mulheres uma adesão incondicional à maternidade, principalmente quando não se cobra dos homens tal devoção? Por que insistimos em falar somente sobre o “lado A” da experiência de dar à luz? A coragem da autora e da atriz brasileira em expor as feridas de todo o processo é muito genuíno.
Acredito que devemos defender o direito à voz para todas as mães e acolhermos todas as experiências. Ou seja, nenhuma pode ser silenciada! Se para algumas de nós a maternidade é uma experiência irretocável, para outras, não é. Mas em um ponto devemos concordar: chega de silêncios e medo de sermos verdadeiras.
A emancipação feminina inclui o direito de vivermos de forma autoral.