
Assédio no esporte espanhol
O mundo mudou, embora muitos resistam à transformação. Digo isso à luz dos acontecimentos recentes na cerimônia de premiação da Copa do Mundo, na Austrália, e a reação dos dirigentes.
Recentemente, o Ministério Público da Audiência Nacional da Espanha está investigando as denúncias apresentadas contra Luis Rubiales – o presidente suspenso da Real Federação Espanhola de Futebol, que beijou a jogadora Jenni Hermoso durante a cerimônia de entrega das medalhas, no dia 20 de agosto deste ano.
O beijo não consentido causou indignação dentro e fora do mundo do esporte; há muito tempo se fala da importância de combater o assédio contra mulheres nos ambientes esportivos. O dirigente diz que sua ação foi resultado da empolgação do momento, da alegria com a vitória. Por outro lado, digo que é resultado da cultura machista, que normaliza o fato de um homem tomar uma mulher no momento que quiser. Houve, inclusive, quem defendesse o ato, dizendo ser um exagero classificá-lo como violência sexual. E, aqui, reside esse olhar equivocado que enxerga o corpo feminino como um território sem lei.
Cabe uma ampla conversa para disseminar regras claras. O combate ao assédio sexual e moral a mulheres no esporte não é um tema de um único país. Temos que exigir que seja formada uma liga global que enderece soluções claras e eficazes para um problema que é de todos. Há marcos civilizatórios, e proteger as mulheres é um deles!