
Momaging, mais uma sobrecarga para as mulheres
O bem-estar dos profissionais tem sido um imperativo para todas as empresas genuinamente interessadas na criação de um ambiente corporativo saudável. Aliás, a questão da saúde mental é um fator-chave para essa construção.
De acordo com a pesquisa Mental Health at Work, conduzida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), 60% das pessoas no mundo têm o bem-estar afetado pelo trabalho; elas afirmam que a liderança impacta, diretamente, na saúde da mente. A questão é que dessa relação tem emergido mais um ponto de tensão que pesa nos ombros das mulheres: o momaging. Esse termo, em livre tradução, pode ser entendido como “mãe-gerente”.
Na prática, a necessidade de adotar uma cultura de acolhimento dentro das empresas faz com que esse objetivo seja abraçado principalmente pelas profissionais. A sociedade que associa as mulheres a características de gentileza e compassividade faz com que elas passem a desempenhar o trabalho de “mãe-gerente”. Trabalhar até mais tarde para dar suporte ou suprir uma entrega que deveria ter sido conduzida pela equipe é uma das facetas dessa função abraçada pelas lideranças femininas. Ou seja, o tempo que seria dedicado à vida fora do trabalho acaba sendo consumido por essa tarefa.
Claro que queremos um ambiente corporativo mais acolhedor e humano, mas não podemos correr o risco de ver essa aspiração se tornar mais um fator de estresse para as mulheres – sobretudo para as que ocupam cargos de liderança. Essa sobrecarga tem como resultado um elevado número de mulheres que reportam pressões mentais, burnout e uma infinidade de problemas de saúde ocasionados por relações de trabalho não saudáveis.
Criar um ambiente saudável é uma tarefa de todos – não somente da liderança feminina. As relações de trabalho do futuro devem ser baseadas no cuidado e no bem-estar, mas não podem cruzar fronteiras do que é realmente adequado.