Comportamento
#antesdohappyhour por Lu Magalhães – Que me desculpem as somente belas, mas
inteligência é fundamental!
Mil desculpas, mas não resisti e fiz troça, nesse título, à Receita de Mulher – poema de Vinícius de Moraes. Recentemente, Gretchen Carlson, presidente do concurso Miss Estados Unidos, anunciou o fim do desfile de trajes de banho na competição; que era, aliás, parte da programação desde 1921. “Nós não somos mais um concurso de beleza e não iremos mais julgar as candidatas pela aparência física. Isso significa que não teremos mais uma competição de biquíni; e isso é oficial”, afirmou Gretchen, ex-âncora da Fox News, no Good Morning America.
Na prática, em setembro, o maior peso será dado ao que sai das bocas e mentes das belas candidatas. O desfile de biquíni será substituído por uma conversa com os jurados sobre talentos, objetivos de vida e como pretendem inserir impacto social nas próprias carreiras. Um sinal já tinha sido dado na edição de 2017 quando uma cientista nuclear negra, Kara McCullough, venceu 50 candidatas. Com licenciatura em Química, ela trabalha na Comissão Reguladora Nuclear dos Estados Unidos. No famoso momento em que as belas costumam falar sobre o livro de cabeceira, ela disse que no país, o acesso à saúde não é um direito, mas um privilégio que se conquista por meio do trabalho.
De volta a 2018, Gretchen Carlson assumiu a presidência do Miss América no início do ano, após escândalo de cunho misógino envolvendo o ex-presidente do concurso, Sam Haskell. Hoje, sete das nove cadeiras da comissão organizadora do concurso são ocupadas por mulheres. Sinal dos novos tempos na competição. A nova presidente salienta que o Miss America passa a representar uma nova geração de líderes femininas com foco em escolaridade, impacto social, talento e empoderamento. O novo lema é preparar grandes mulheres para o mundo e preparar o mundo para grandes mulheres. Na análise dela, estamos vivendo uma revolução cultural com mulheres encontrando a coragem para se erguer e ter as próprias vozes ouvidas sobre diversos temas.
Parece uma grande bobagem estarmos discutindo um concurso de miss a essa altura do campeonato, né?! Longe disso. Todas as conquistas que tangem a causa feminina devem ser analisadas, pontuadas e amplamente comemoradas. Não podemos ignorar que o sonho de milhares de meninas mundo afora que ainda querem ser misses ou modelos. É preciso que esse ambiente também seja inclusivo e alinhado com as mais modernas questões feministas.
Aliás, cabe uma curiosidade. O Miss USA – criado em 1952 e concorrente do Miss America – surgiu quando Yolande Betbeze, vencedora de 1950, se recusou a posar de biquíni para campanhas publicitárias. Os patrocinadores resolveram então, abandonar o barco e fundar um novo concurso.
Para quem tem curiosidade de ler ou reler Receita de Mulher, indico o site de poesias de Vinícius de Moraes: https://www.viniciusdemoraes.com.br/pt-br/poesia/poesias-avulsas/receita-de-mulher
– Lu Magalhães, presidente da Primavera Editorial