Viver mais ou melhor?
Os mais ricos aspiram a mais tempo de vida. Os discursos tecnofuturistas – que apresentam a velhice como doença a ser curada – permeiam essa percepção dos ricos do Brasil, da Europa e dos Estados Unidos. Mas o que é viver?
Você prefere viver mais ou melhor? Um experimento científico – que partiu dessa pergunta para avaliar qual é a preferência do brasileiro – mostrou que 43% dos entrevistados têm o tempo de vida como prioridade e 24% desses têm extrema convicção dessa resposta. Em contrapartida, 57% têm como prioridade a qualidade de vida, sendo que 33% deles apresentam extrema convicção dessa percepção. O recorte de gênero revela que 58% dos homens preferem viver mais. Entre os menos escolarizados, essa preferência é predominante.
As mulheres dominam o grupo da qualidade e são a maioria entre os entrevistados com maior convicção de que viver melhor importa mais do que a extensão da vida. Saúde e tempo para dedicar a si são os itens que mais se destacam nas respostas femininas. Um ponto superinteressante é que essa valorização do tempo muda de acordo com a faixa etária – essa percepção cresce entre os entrevistados (homens e mulheres) na média de 30 a 60 anos. Os idosos, portanto, querem mais qualidade do que mais tempo de vida.
Os mais ricos aspiram a mais tempo de vida. Os discursos tecnofuturistas – que apresentam a velhice como doença a ser curada – permeiam essa percepção dos ricos do Brasil, da Europa e dos Estados Unidos, de acordo com o neurocientista Álvaro Machado Dias, sócio do Instituto Locomotiva.
Particularmente achei muito interessante esse experimento porque plasma as diferentes percepções que temos sobre o viver ao longo da nossa trajetória. Esse tipo de pesquisa nos ajuda, ainda, a refletir sobre a finitude e a filosofar sobre o que é viver.
Estar vivo, respirando é para alguns sinônimo de viver; para outros, não passa nem perto do real significado de viver.