Comportamento
Alerta: limitar investimentos na educação feminina causa prejuízos econômicos aos países
A minha graduação em Matemática pode, hipoteticamente, explicar a especial predileção que tenho por pesquisas. Mas, não julgue o livro pela capa! Na verdade, o que mais me fascina nas pesquisas é a capacidade de traduzir comportamentos humanos, investigar possibilidades e aferir padrões. Uma das pesquisas que recentemente capturou a minha atenção – Perda de Oportunidades: o elevado custo de não educar meninas – foi conduzida pelo Banco Mundial e aborda um assunto que me é muito caro. Os números dessa pesquisa representam realidades que comprometem o presente e futuro da civilização na acepção mais elevada da palavra.
De acordo com o relatório do Banco Mundial, a limitação de oportunidades e os obstáculos, que impedem as mulheres de concluírem 12 anos de estudo, custam aos países entre US$ 15 trilhos e US$ 30 trilhões – algo equivalente a R$ 58 trilhões e R$ 116 trilhões – em perda de produtividade e renda. No mundo, 132 milhões de meninas entre 6 e 17 anos estão fora da escola; no Brasil, dados do IBGE mostram que 1,3 milhão de jovens com idades entre 15 e 17 anos não concluíram o ensino médio; desses, 610 mil são garotas.
“Quando 130 milhões de meninas são impedidas de se tornar engenheiras, jornalistas ou CEOs porque não têm acesso à educação, nosso mundo perde trilhões de dólares que poderiam fortalecer a economia global, a saúde pública e a estabilidade” – afirmou Malala Yousafzai, em São Paulo. A mais jovem vencedora do Prêmio Nobel da Paz, foi vítima de um ataque do Taleban, em 2012, por defender o direito feminino à educação. Hoje, tornou-se uma voz feminina que ecoa nos quatro cantos do planeta; uma ativista da causa.
A reflexão óbvia é que desigualdade de gênero no sistema educacional retroalimenta o desiquilíbrio de oportunidades. Vale considerar o alto custo social que impacta em homens e mulheres. E, aqui, lembro de uma premissa poderosa. “Se você educa uma mulher, educa uma nação.” O impacto da educação de meninas ultrapassa trajetórias individuais; muda o rumo de gerações de famílias. Educar uma menina é transformar o mundo. Vamos apoiar essa causa?
Para saber mais sobre Malala: https://www.malala.org
– Lu Magalhães, presidente da Primavera Editorial