A invisibilidade das mães que perderam os filhos
A mulher que perde o marido é viúva; a que perde os pais é órfã. Mas, e a mulher que perde o filho? Ah, esse desalento é algo que não cabe em palavras. A maior dor do mundo – imagino, como mãe e ser humano empático – não é passível de nomeação. Em um momento no qual milhares de mães que perderam os filhos vivem o luto, temos que falar abertamente sobre esse tema delicado: a invisibilidade dessas mulheres.
A ideia de superação passa, no livro, por uma ressignificação, porque os capítulos abordam a experiência cíclica de viver em luto e viver em luz, algo que se alterna nessa experiência que demanda “continuar vivendo”, mesmo com a maior dor do mundo: perder um filho.
Esse luto é dilacerante e os seres humanos que o vivem precisam de apoio não apenas familiar, mas de toda a sociedade.
Sobre o livro A lua e o girassol; dar voz às mães que perderam os filhos
Para ouvir essas mulheres, a Primavera Editorial está lançando o livro A Lua e o Girassol: um dia mães em luto; outro dia, mães em Luz”, da jornalista Marina Miranda Fiuza. A obra toca nesse assunto que poucas pessoas querem abordar.
Como se sentem as mães que perderam os filhos? Esse questionamento é, de certa forma, o start para a narrativa de sete mães cujo filhos, de diferentes idades, faleceram em circunstâncias diversas. Mas, não pense que é um livro pesado e triste. É um livro humano.
Na apresentação, o escritor português Valter Hugo Mãe afirma:
“As mães e os pais dos mortos são muito sem sentido. Nem sempre sabemos onde têm a cabeça ou os pés porque tanto daquilo que os ordena é agora de outra natureza. Ficamos diante dessas pessoas pasmando, porque elas contêm uma ciência que nenhuma biblioteca vai conter, simplesmente porque não há como explicar o absurdo, ele é uma experiência indizível que os livros imitarão sem sucesso algum”.
Falar do luto de mães que perderam os filhos — em tempos de pandemia
A experiência de lidar com a morte de quem amamos, em tempos de pandemia, passou a ser presente no cotidiano do mundo. E, diante dessa dura realidade que afeta muitos, temos que lidar com a temática com delicadeza; para tirar o tema do campo do tabu e dar voz à essas mães que perderam os filhos.
No livro, a ideia de superação passa por uma ressignificação, porque os capítulos abordam a experiência cíclica de viver em luto e viver em luz, algo que se alterna nessa experiência que demanda “continuar vivendo”.
As diferentes experiências de mães que perderam os filhos. Do luto; Os rituais de despedida; As burocracias da morte; A sobrevivência imposta; As sequelas do luto; Meu filho vive em mim; Os objetos que ficam; Desfazendo o quarto; Encontrando a luz no fim do luto; Transformações necessárias; Como prejudicar o luto de uma mãe; e Preservando a memória são alguns dos títulos que mostram as fases desse luto que se alterna. A mesma alternância da vida.
Veja mais informações sobre o livro, a autora e as personagens reais das histórias: A lua e o girassol.