A evolução da mulher na indústria do cinema
Não passou desapercebido pra ninguém que as mulheres estão batalhando e, cada vez mais, conseguindo espaços que são delas por direito. No cinema não é diferente. Se voltarmos lá pelos anos entre as décadas de 40 e 60, percebemos que as mulheres ocupavam um grande espaço na indústria, por mais que relegadas ao posto de símbolo sexual. Estrelas como Marilyn Monroe e Elizabeth Taylor dominavam as projeções e os tabloides da época.
Com o passar dos anos, o papel da mulher no cinema foi sofrendo uma estranha e enfadonha caracterização. Ao analisarmos a grande massa de filmes do século XX, perceberemos que personagens femininos praticamente só falavam com homens ou sobre homens – não existia um mundo de uma mulher que fosse protagonizado por ela mesma. Tudo girava ao redor da figura masculina, inclusive nos bastidores, em que os salários das atrizes eram – e, em alguns casos, ainda são – nitidamente muito menores que os dos atores, em papéis de mesma importância, e pouquíssimas mulheres ocupam grandes cargos por trás das câmeras como diretoras, produtoras e roteiristas. Reparem que premiações nestas áreas seguem predominantemente masculinas.
De uns (poucos) anos para cá, a história começou a mudar (de leve ainda!). Mulheres ao redor do mundo começaram a falar, a reivindicar, a lutar, em todas as áreas. No cinema não seria diferente. Vimos atrizes se recusarem a receber cachês e salários inferiores aos dos homens (e atores homens também entraram nessa causa. Obrigada, Benedict Cumberbatch! Estranho seria o contrário). Diretoras e roteiristas mulheres foram cada vez ganhando mais voz. Filmes como Mulher Maravilha, um dos maiores sucessos de bilheteria de 2017, foram produzidos, em sua maioria, por mulheres. O público feminino hoje se inspira por mulheres fortes na telona, e isso gerou reflexos até mesmo nos desenhos animados. Nada de esperar pelo príncipe encantado, agora as referências para as meninas vêm de filmes como Moana e Valente.
Por mais que todas essas informações tragam muita esperança, ainda há um longo caminho de luta pela frente. A mulher no cinema ainda é impedida de errar, ainda não pode envelhecer. O filme As Panteras ganhará um reboot em 2019 com 3 mulheres mais jovens. Enquanto isso, Tom Cruise, com 56 anos, estrela o sexto filme da franquia Missão Impossível. Um exemplo prático de como a mulher ainda é pressionada pela indústria hollywoodiana a ser jovem e bonita. Já os homens, por não sentirem toda essa pressão, podem dar continuidade a seus trabalhos de sucesso em franquias que duram décadas.
Dados mais invisíveis “ao olho nu” não são menos importantes e precisam ser ressaltados: homens ainda possuem um espaço de fala muito maior que das mulheres na maioria dos filmes. Recentemente foi publicado um gráfico comparativo entre falas femininas e masculinas nas produções que concorreram ao Oscar de Melhor Filme, de 1991 a 2016.
Vemos que o jogo pode estar virando (perdão, igualando), mas que os filmes de maior prestígio ainda são predominantemente masculinos – feitos por homens, para homens. Mas uma coisa é certa: a mulher deixou de interpretar apenas papéis submissos para, finalmente, se tornar atração principal. Se tem algo que essas novas personagens do cinema podem fazer é inspirar toda uma nova geração e reinspirar as gerações anteriores. Estamos todas atentas e ansiosas pelas próximas mulheres fortes do cinema. Para deixar claro, de uma vez por todas, que mulheres podem ser quem quiserem.
Anna Naylor
vivendo por cinema e café