#antesdohappyhour por Lu Magalhães – SXSW
SXSW
O novo consumidor, storytelling e outros desastres
Ao longo de uma semana em Austin, nos Estados Unidos, voluntariamente fui exposta a nesgas do futuro. No South by Southwest (SXSW) – festival de música, tecnologia e interatividade – mentes inovadoras dos quatro cantos do mundo debateram temas tão diversos quanto inteligência artificial, os desafios da nova indústria da maconha e o impacto social das startups. Em todos os painéis que assisti, a onipresença de um conceito: storytelling. A ideia é como contar histórias relevantes para um novo consumidor, que vive em uma nova sociedade.
É aí que a coisa complica! No Brasil, a pesquisa do Instituto Paulo Montenegro e ONG Ação Educativa aponta que apenas 8% das pessoas em idade adulta têm plenas condições de compreender e se expressar. Na prática, estão no chamado nível proficiente: o mais avançado estágio de alfabetismo. Um outro estudo – destaque de uma reportagem exibida pelo Jornal Nacional, em 7 de março de 2018 – mostra que em cada 10 profissionais em cargo de chefia, quatro não dominam a escrita e a leitura. Em suma, poucos de nós entendem a diferença entre ironia e opinião; poucos de nós são leitores conscientes e plenos.
Diante disso, o futuro anunciado pelo SXSW – que costuma chegar em dois ou três anos – pode demorar um pouco mais para os brasileiros. E não há storytelling que dê conta dos danos que a falta de leitura causa à sociedade. Toda a lógica de investir no audiovisual em detrimento do texto para vender produtos ou ideias não passa pela reflexão da importância de incluir a leitura nesse processo.
A despeito de toda a adversidade, na Primavera Editorial seguiremos firmes no propósito de incentivar a leitura. Não porque é um negócio e o leitor um consumidor, mas por acreditarmos que essa postura constrói uma sociedade melhor. E, nessa empreitada elegemos as mulheres como nossas aliadas. As brasileiras, aliás, têm mostrado apreço pela instrução – elas continuam a ser maioria entre as pessoas que concluíram o ensino superior.
Para apoiar essa revolução feminina, reafirmamos a nossa missão de fortalecer a emancipação social da mulher por meio da leitura. E, sabe por que? Por acreditarmos que a leitura gera conhecimento, provoca reflexões e modifica a posição intelectual, profissional e social. Vamos construir um novo futuro?
– Lu Magalhães, presidente da Primavera Editorial