
Inspiração feminina em meio à tragédia ianomâmis
Eliane Opoxina, enfermeira que trabalha há dez anos no único posto de saúde ativo de Surucucu, Roraima, representa uma outra face dessa tragédia humana. Solidária, ela nos mostra o interesse genuíno na construção de uma sociedade na qual o melhor de nós inspira e pauta novas atitudes em prol do bem-estar humano.
Diante das cenas estarrecedoras das últimas semanas, nas quais acompanhamos com um misto de revolta e tristeza a situação dos nossos irmãos ianomâmis, meu olhar deteve-se em uma mulher que atendia indígenas amedrontados enquanto dizia palavras – de conforto e esclarecimento – no idioma que eles entendiam. Logo soube, pela legenda da reportagem, que se tratava de Eliane Opoxina, uma enfermeira que trabalha há dez anos no único posto de saúde ativo de Surucucu, Roraima. As informações sobre ela não iam além. Compreensível, afinal, o momento pedia que os holofotes fossem direcionados para a situação de calamidade em que se encontram os ianomâmis. Estou certa de que Eliane não pensaria de outra forma.
Observando um pouco mais aquele semblante, vi uma mulher forte, determinada e incansável em seu propósito – sim, usei a palavra propósito, porque traz uma semântica mais significativa, que vai além de um objetivo, de simplesmente executar uma tarefa. Eliane tem empatia, algo precioso, imensurável. “A gente está vivendo um pesadelo nesses últimos anos, […]. É realmente desesperador para nós, profissionais de saúde, trabalhar nas condições que a gente vem trabalhando, tentando salvar vidas com o mínimo do mínimo”, afirma.
Sim, são tempos difíceis, que trazem um aperto no peito e uma vontade de gritar de indignação e dor, mas ver uma mulher atuando para fazer a diferença me trouxe também esperança. Sim, ela representa todas nós.
Gostaria de saber um pouco mais sobre Eliane Opoxina — além do que li em uma busca na internet. Conhecer uma mulher que tem tanta determinação nos transforma. Que ela seja inspiração para outras mulheres, que podem e devem ocupar lugares onde farão a diferença, tornando o mundo menos assustador, desumano e ambicioso.
Um mundo melhor, onde a verdadeira riqueza resida no cuidado com o outro, no abraço que conforta, na mão que sustenta e nas palavras que ensinam o bem, sem importar o idioma.