Inventário de um ano desafiador
Acho importantíssimo parar, a cada fim de ano, para fazer uma retrospectiva dos últimos 12 meses. O que parece natural não é algo tão trivial. Acredito que não é tão corriqueiro fazer um inventário honesto que nos leve a enxergar com clareza o que passamos. E, a partir desse mapeamento profundamente pessoal, fazer projeções para o futuro. Mas, é extremamente necessário – sobretudo em um ano desafiador como 2018.
Começo esse inventário pessoal lendo que o Facebook fez um levantamento dos temas mais comentados no ano no mundo. Eis que o assunto que mais gerou comentários globais foi o Dia Internacional da Mulher. Longe de falar puramente sobre a efeméride, a abordagem foi mais relacionada aos problemas que atingem as mulheres de vários países. Do ponto de vista da Primavera Editorial, essa informação me toca pelo caminho que escolhemos. Ou seja, ser uma editora que transforma textos em reflexões importantes para o universo feminino; usar a leitura como instrumento da transformação feminina; dar luz a autoras que estão repensando os dilemas do nosso tempo e apontando propostas concretas para problemas complexos. Essa decisão nos coloca lado a lado com esse espírito do nosso tempo.
Ao lado de todos os desafios da igualdade, cabe nessa minha retrospectiva a verdadeira hecatombe que se abateu no mercado editorial – sobretudo nas livrarias como Saraiva, Cultura e Laselva. Não tenho a menor pretensão em analisar as decisões de negócio que levaram cada um desses players a esse momento; o meu intento é observar o quão singular é esse momento para o mercado livreiro. Onde vamos vender e como vamos conquistar os novos leitores? – é a pergunta que muitos executivos de editoras estão se fazendo, nesse final de ano. Honestamente, a minha pergunta é outra. Estou empenhada em descobrir como podemos inovar para tornar o livro tão irresistível como era há algumas décadas, antes da concorrência como outras formas de entretenimento e aquisição de informação.
Nesse contexto, a Primavera Editorial já está trilhando caminhos inovadores ao criar novos diálogos do livro com plataformas interativas. Estamos redefinindo uma nova forma para ler – entendendo que o leitor não quer ser um sujeito passivo no processo. Nesse inventário chego a 31 de dezembro repleta de esperanças e projetos. A crise não teve sobre mim um efeito paralisante. Imprimiu, sim, uma urgência em inovar, repensar o mercado, estar mais próxima das leitoras, aprender com elas. A pergunta que continuo me fazendo é como a Primavera Editorial pode responder às aspirações de uma nova leitora. E, nesse sentido, não estou sozinha. Logo mais terei o prazer de contar para onde estamos caminhando e quais são os nossos parceiros de jornada.
No momento, espero ver emergir dessa crise um novo mercado livreiro: mais forte, dinâmico, inovador e coeso. Que as dores se tornem oportunidades para repensarmos a nossa conduta empresarial individual; que possamos entender que coletivamente somos mais fortes. Que venham os desafios de 2019, pois a Primavera Editorial está preparada para eles!
Um feliz Ano-Novo!
Lu Magalhães
Presidente da Primavera Editorial