Vida de editora: sobre a London Book Fair e a mulher em pauta
Para uma editora de livros, ir a uma feira internacional de livros tem alguns propósitos: o networking com editores, agentes e todos os profissionais da cadeia do livro mundial; a visualização das tendências internacionais, ou seja, o que está sendo publicado lá fora – e isso tanto em relação ao conteúdo, como também a plataforma; e, por fim, encontrar bons títulos em sua(s) linha(s) editorial(is), trazendo-os para tradução e publicação.
Parece simples colocando em um parágrafo, mas lá, nem mesmo se localizar é simples…
Na última semana, a Primavera Editorial esteve na London Book Fair, a segunda maior feira de livros do mundo, que aconteceu no Olympia Conference Center, nos dias 12 a 14 de março. Embora a feira seja menor quando comparada a de Frankfurt, ela proporciona um ambiente mais intimista (é claro que com toda aquela loucura que uma feira deve ter), o que garante um olhar atento em cada estande dos expositores.
Sobre a edição 2019 da London Book Fair
Andando pelos estandes, é visível que o assunto “emancipação feminina” continua em pauta. Em 2018 estivemos também nessa mesma feira, e a temática já era presente nos expositores e lista dos agentes.
Em 2019, no entanto, senti que o assunto foi “amadurecido”; estão presentes livros que tratam do empoderamento feminino para todas as idades… Livros infantis que contam histórias de princesas que já não precisam mais do príncipe para salvá-las, porque elas aprenderam a abrir as portas (metafórica e literalmente); livros young adult por todo o lado que tratam sobre aceitação corporal, e muitos livros para colocação de mulheres no mercado de trabalho, a realidade da maternidade e como conseguir atender a todas as expectativas que o mundo moderno nos impõe.
Outra percepção que tive esse ano (e que não vi ano passado) é que aquele velho conceito de que livros nessa temática eram livros de “esquerda” caiu por terra.
Diversas editoras autointituladas reacionárias estão publicando livros sobre histórias de mulheres que se destacaram em guerras e esportes, por exemplo. O debate do gênero, da participação das mulheres, superou a polarização política, o que é um passo significativo e interessante.
Além da visita nos estandes da London Book Fair, o Rights Centre, definido lindamente por Leonardo Neto, editor da PublishNews, como o “coração nervoso da feira” (um lugar onde a feira pulsa, bombeia negócios), é onde o editor encontra com os agentes (em reuniões milimetricamente marcadas com antecedência) para solicitar alguns títulos e ouvir deles o que eles têm para oferecer – sempre levando em conta a linha editorial e temas que o editor procura.
São as reuniões mais produtivas possíveis e ocorrem em um período de ATÉ trinta minutos (dica para o pessoal fã de reuniões longas!)
Mulheres: tendência mundial
As conclusões e resultados? Bom, a Primavera Editorial está alinhada com a discussão mundial sobre desigualdade de gênero, colocação da mulher no mundo corporativo, oportunidades e avanços na emancipação feminina.
A pauta não tem fim, e (in)felizmente não terá tão cedo. Há tanta coisa para ser falada, que as editoras do mundo inteiro têm conteúdos diferentes e oxigenados para oferecer.
E nós por aqui? Voltamos da London Book Fair com a mala cheia: 57 livros para lermos, analisarmos e escolhermos os melhores para os nossos leitores brasileiros!
Larissa Caldin, publisher da Primavera Editorial