Mulheres sentem medo de negar as exigências sexuais dos parceiros
Em muitos lugares do mundo, mulheres sentem medo dos seus parceiros na hora do sexo.
O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) – agência de saúde sexual e reprodutiva da ONU – anunciou que quatro em cada 10 mulheres, em 51 países, sentem não ter escolha a não ser concordar com as exigências sexuais dos parceiros.
Nesses países, são mais de 214 milhões de mulheres sem acesso a métodos contraceptivos; no mundo, mais de 800 mulheres morrem por dia por causas tratáveis durante a gestação e o parto.
Essas mulheres também não têm voz ativa na tomada de decisões sobre gravidez e acesso a serviços de saúde.
Os dados – integram o relatório “Estado da População Mundial 2019” – e dizem respeito a “mulheres e meninas tipicamente pobres, rurais e menos instruídas”, segundo o órgão. As informações são relacionadas a mulheres de 15 a 49 anos.
De acordo com a análise, a ausência de direitos reprodutivos e sexuais tem grandes repercussões negativas sobre a educação, a renda e a segurança das mulheres, fazendo com que elas fiquem “incapazes de moldar seus próprios futuros”.
Acho que por isso as mulheres sentem medo.
Acredito que falar abertamente sobre liberdade sexual – e a falta dela, principalmente – é uma forma de escancarar o sexismo que vivemos no mundo.
A liberdade de dizer não e se informar sobre os próprios direitos é, na minha percepção, uma luta feminina importantíssima. Mulheres sentem medo. E isso vai muito além da educação sexual. É sobre liberdade.
Educação sexual, leitura e empoderamento
Para mim, a leitura é parte fundamental desse empoderamento. Para apoiar essa revolução feminina em prol da instrução que dá suporte à liberdade, reafirmamos a nossa missão de fortalecer a emancipação social da mulher por meio da leitura.
Na Primavera Editorial adotamos o firme propósito de incentivar as brasileiras a inserirem a leitura no cotidiano. Não porque é um negócio e a leitora é um consumidor, mas por acreditarmos que essa postura constrói uma sociedade melhor.
A cada ano, as brasileiras têm mostrado apreço pela instrução – elas continuam a ser maioria entre as pessoas que concluíram o ensino superior.
E, sabe por quê fazemos isso? Por acreditarmos que a leitura gera conhecimento, provoca reflexões e modifica a posição intelectual, profissional e social. Estou falando de empoderamento feminino de verdade; estou falando sobre liberdade – o conhecimento que se torna um instrumento para que mulheres não sintam medo. Para que denunciem e não se submetam a situações de violência nunca mais.
Lu Magalhães, Presidente da Primavera Editorial