Temos que falar sobre a vacinação de crianças
Precisamos falar sobre a vacinação de crianças. Com bastante perplexidade li uma entrevista produzida pelo jornal O Estado de S. Paulo com Akira Homma, assessor científico sênior da Bio-Manguinhos, da Fiocruz. De acordo com o especialista, pelo menos 500 mil crianças do Brasil não foram vacinadas contra a poliomielite.
Isso fez com que a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) incluísse o país na lista das oito nações com alto risco da volta da infecção.
Razões para incentivar a vacinação de crianças
Vale lembrar que, nos casos mais graves, a pólio provoca paralisia. Esse é um risco real, e posso dizer que conheço uma criança que não vacinada, na década de 1970, foi acometida pela doença e se tornou um adulto que precisa de cadeira de rodas para se locomover. Uma vida com locomoção comprometida, mesmo quando a vacina já estava disponível (a vacina Sabin passou a ser disponibilizada em 1973).
De acordo com a Opas – que é o braço da Organização Mundial da Saúde (OMS) na América Latina –, a baixa vacinação é um perigo para o continente, que não registra nenhum caso desde 1994; o Brasil, por sua vez, que já teve cobertura de 95% desta vacina, registra hoje 67%. Segundo o especialista, na década de 1980, com as campanhas de vacinação, o sistema de saúde brasileiro chegou a vacinar 18 milhões de crianças em um único dia!
Na entrevista, Homma diz que, infelizmente, não é apenas a vacinação de poliomielite que está comprometida; há cinco ou seis anos, a vacinação de crianças contra outras enfermidades tem caído gradativamente.
Claro que tivemos o isolamento imposto pela pandemia, mas antes disso já havia um sinal de alerta nessa queda. O que está acontecendo? Por que pais, mães e responsáveis estão deixando crianças correrem um risco desses? Essa pergunta precisa de uma resposta rápida! Como sociedade, temos que entender o que leva a um grau tão alto de rejeição da vacina.
Para o especialista, há algumas hipóteses. A principal é que somos vítimas do nosso próprio sucesso, ou seja, como não há mais surtos, a população não se “comove” vendo doentes e pensa que não há risco.
Uma outra hipótese é que o horário dos postos de saúde, responsáveis pela vacinação, coincide com os horários de trabalho da população. Seja qual for o motivo, precisamos de um projeto sólido, real, para combater esse problema. Nada justifica comprometermos o futuro das nossas crianças.