O macho beta: a hora e a vez do Betão
A proposta é abraçar as novas masculinidades e, pessoalmente, apoio essa ideia de um macho beta.
Roubamos da zoologia a expressão “macho alfa”, usada originalmente para descrever um elemento de um grupo de animais que apresenta características dominantes. Em português sem firulas, o líder do grupo. Como primeira letra do alfabeto grego, alfa passa essa ideia de liderança, de autoridade que comanda. Com o machismo sendo questionado e classificado como um modo de viver hostil para homens e mulheres – tóxico, mesmo –, surge uma nova figura: o macho beta. E, aqui, eu gostaria de fazer uma brincadeira: é a hora e a vez do Betão!
Macho alfa x macho beta
Estamos, como sociedade, vivendo um profundo questionamento do paradigma do macho alfa. O historiador francês Ivan Jablonka, por exemplo, defende que os homens precisam lutar contra o patriarcado e desvencilhar-se de velhos hábitos. A proposta é abraçar as novas masculinidades. Pessoalmente, apoio muito essa ideia! O mundo mudou, mas o machismo ainda resiste e afronta a nossa trajetória evolutiva. Por isso, a luta contra ele tem que envolver todos os humanos.
Em entrevista ao jornal Valor Econômico, Jablonka aponta que três conceitos recentes sobre masculinidade podem ser a chave para quebrarmos os paradigmas.
“A chamada ‘masculinidade de respeito’ considera o consentimento do outro como fundamental e ganhou força com o #MeToo, movimento que incentivou as pessoas a quebrarem o silêncio contra abusos sexuais sofridos. A ‘masculinidade de não dominação’, por sua vez, recusa o fato de que ser homem represente a expressão de um poder. Por fim, a ‘masculinidade de igualdade’ consiste em barrar qualquer diferença na convivência de casais ou familiares, mas também no trabalho, no espaço público e até na linguagem”, afirma.
Quis reproduzir exatamente a explicação do historiador, porque acho esses conceitos muito poderosos. Eles trazem a dimensão do lugar que o homem tem ocupado e a proposição de um espaço que ele pode – e deve – ocupar. Claro que, para isso, o homem tem que abrir mão de privilégios ancestrais. Um outro ponto relevante é que essas classificações deixam muito claro que não basta ser um cara simpático à causa feminista; como um macho beta, ele tem que lutar contra si mesmo e criar solidariedades novas.
Os fins e inícios de ano marcam aquela época de fazer listas e planos para o futuro, correto?! Que tal incluir nessas listas – homens e mulheres – a adoção de novos posicionamentos mais conectados a essa masculinidade de igualdade? Esse é, na minha opinião, um plano para a vida!
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