
Cabelos curtos representam quebra de paradigmas entre as sauditas
A Agência France-Presse (AFP) publicou uma matéria sobre como as mudanças de hábitos culturais – pelas quais passa a Arábia Saudita – têm impactado o cotidiano das mulheres.
Quando passou a trabalhar em um hospital em Riad, capital da Arábia Saudita, a médica Safi optou por um corte de cabelo “masculino”. Trocou o longo cabelo ondulado pelo que chama de “corte de menino”. A opção, antes inimaginável em seu contexto, é reflexo de mudanças dos hábitos culturais, segundo matéria da Agência France-Presse. Na prática, esse tipo de corte tem sido cada vez mais visto nas ruas da capital desse país do Golfo Pérsico, considerado um antro conservador.
Os véus também estão perdendo terreno, caindo diante das mudanças sociais promovidas pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman. No país, há o incentivo para que as mulheres sejam mais ativas – ou seja, há um contexto de diversificação e modernização da economia que demanda a participação feminina. A reportagem aponta que a meta é tornar o país menos dependente do petróleo.
Por outro lado, a médica Safi dá outra explicação. Diz à reportagem que o cabelo curto a protege dos olhares masculinos indesejados; que esse estilo é um escudo que a protege e dá força. Um cabeleireiro ouvido pela AFP conta que a demanda pelo estilo aumentou com o ingresso das mulheres no mercado de trabalho. Essa mudança só foi possível com a queda da influência religiosa no país, que antes impunha regras rígidas para as mulheres. Hoje, elas podem assistir a shows ou competições esportivas ao lado de homens, dirigir carros e viajar sem a permissão de um parente do sexo masculino. Novos tempos e novos cortes mostram um novo cotidiano.