Dia do orgulho gay: somos primitivos quando punimos a homossexualidade
No próximo dia 28 de junho, o mundo celebra o Dia do Orgulho Gay, a despeito de todas as iniciativas que tentam criminalizar a liberdade sexual com argumentos descabidos. Aliás, um dos argumentos que escutamos por aí é que a homossexualidade é um fenômeno anormal, que não existe nem entre os animais.
É normal ser gay
Vamos lá. Mundo animal. Há alguns estudos que apontam que o comportamento homossexual é bastante comum no reino animal – algo observado em espécies que vão de insetos a mamíferos. No livro “Biological Exuberance”, por exemplo, Bruce Bagemihl cita uma ampla variedade de espécies com parceiros do mesmo sexo.
O psicólogo Paul Vasey, da Universidade de Lethbridge (Canadá), tem pesquisado a espécie macaco-japonês e também encontrou vários casais de fêmeas entre eles. Ou seja, os machos da espécie não têm apenas que disputar entre eles, mas também com outras fêmeas. E, tudo bem!
Outro estudioso que percebeu que o comportamento homossexual também é comum entre os animais, o biólogo David Featherstone, da Universidade de Illinois, registrou que besouros-castanhos copulam entre si e até depositam esperma no parceiro.
E não para por aí. O albatroz-de-laysan, morador do Havaí, forma casais tanto de machos, quanto de fêmeas. Os bonobos – espécie de chimpanzé, que são primatas hominoides, ou seja, os nossos parentes mais próximos – usam o sexo como forma de consolidar relações sociais, podendo acasalar com fêmeas ou machos.
E o que falar de algumas espécies de golfinhos, dos carneiros selvagens e do próprio leão, o rei das selvas? (Leia essa matéria da BBC sobre a homossexualidade entre eles).
A ignorância escondida nas leis e a importância de um dia do orgulho gay
O que dizer sobre pessoas que não aceitam que outras se relacionem amorosamente com alguém do mesmo sexo — e que encontrem na lei justificativas para esse tipo de preconceito?
Em novembro do ano passado, ambos foram condenados a 15 anos de prisão por fazerem sexo “contra a ordem da natureza”. No país africano, essa lei – da época colonial – prevê a punição com cadeia a homossexuais. Se a história não fosse absurda o suficiente, um detalhe a tornaria ainda mais bizarra. Hospedados em um chalé em agosto de 2017, ambos foram denunciados por um funcionário do hotel que os viu juntos, quando espiou pela janela. Sim. Esse funcionário violou a privacidade dos dois.
Na época da condenação, o tal presidente defendeu as leis da Zâmbia: “Estamos dizendo não para a homossexualidade. Você está dizendo que somos primitivos porque reprovamos a homossexualidade?” disse ele. Mas finalmente, no final de maio, Japhet Chabata e Steven Samba receberam o perdão do presidente da Zâmbia, Edgar Lundu.
Acho que ignorância define o preconceito. Que, neste Dia do Orgulho Gay a gente seja mais do que isso. Sejamos livres. Para aceitar o outro, e para ser e amar quem a gente quiser.
| Por Lu Magalhães, presidente da Primavera Editorial