Igualdade de pagamento para homens e mulheres: Conversa fiada ou realidade?
Já há muito tempo ouvimos essa história e essas estatísticas que demonstram que as mulheres ganham menos que os homens no Brasil, como também nos Estados Unidos e Europa. Obviamente estamos falando de pessoas em posições equivalentes. Mas o que efetivamente se tem feito para sanar essa desigualdade? Na verdade, muito pouco. E por isso continuamos a ver as tabelas vindas de várias fontes e vários países com as mesmas diferenças ano após ano.
Mas existem exceções. Temos notado no Great Place to Work, em vários países, que as melhores empresas para trabalhar têm se esforçado para corrigir tal distorção. Mesmo assim, essas empresas têm tomado mais tempo do que seria de se esperar de empresas tão conscientes. Mas já é um início.
Recentemente uma dessas empresas, a Salesforce, divulgou uma ação inovadora e contundente. Tudo começou a acontecer quando Cindy Robbins, VP Senior de Sucesso dos Colaboradores (Senior VP od Employee Success) e Leyla Seka, Senior VP da desk.com, uma subsidiária da Salesforce, comentaram com o CEO, Marc Benioff, que as mulheres recebiam menos que os homens em sua empresa. Marc a princípio duvidou da informação, mas assim mesmo ordenou uma enquete para apurar os fatos. E… “bingo”, era verdade! Imediatamente Marc iniciou um programa de ajuste para corrigir essas distorções. E isso custa! Só no ano passado (2017) a Salesforce gastou três milhões de dólares para continuar a corrigir as distorções e corrigiu aproximadamente 11% da força de trabalho. Isso demonstra a verdadeira vontade de mudar.
Com essa ação, amplamente divulgada pela imprensa e nas mídias sociais da própria Salesforce, se deu início uma nova conversa entre CEOs de outras empresas para, de fato, saírem do discurso e começarem a agir.
Tudo isso gerou também a execução sistemática de auditorias para a verificação da igualdade de pagamentos entre homens e mulheres. Gerou também a percepção que só salários iguais não seriam suficientes, era preciso também aumentar a participação das mulheres no processo decisório. Outras iniciativas se iniciaram para lograr esse objetivo.
Hoje a empresa tem quatro áreas-chave de atuação: Pagamento igual, Oportunidades iguais, Formação igual e Direitos iguais.
A Salesforce é um belo exemplo do que é possível se fazer nesse campo. Mas uma última pergunta seria: a empresa aguenta tudo isso? Todos esses custos? Isso não afeta a rentabilidade? A melhor resposta a isso está nos balanços da empresa e no desempenho de suas ações na bolsa (veja o código CRM na bolsa NYSE): crescimento de mais de 70% em dois anos. Bom negócio???
– José Tolovi Jr., presidente do Conselho do Great Place to Work Brasil.