Morar junto e os rótulos de relacionamento: parceiro doméstico
Quem tem medo de rótulos? Acredito que muitas de nós… Uma amiga, ao preencher uma papelada para o visto norte-americano, se deparou com o termo “parceiro doméstico” entre inúmeras classificações para relacionamentos e graus de parentesco. O que parece uma invasão de privacidade orquestrada pelo Donald Trump é, na prática, um termo do seguro de saúde para designar um parceiro não casado ou sem união estável.
Por trás dessas duas palavrinhas, o significado de pessoas que vivem juntos, partilham uma vida doméstica comum. Ah… parceiro doméstico pode ser chamado, também, de Parceiro Domiciliado Qualificado (PDQ).
Vale ressaltar que o significado desse termo não é o mesmo em países como Nova Zelândia e Austrália; aliás, em Estados como Califórnia, Nevada e Oregon, também não.
Parceiro doméstico: como rotular os relacionamentos?
Diante de burocracias que colocam os relacionamentos e as emoções em caixinhas, muitas vezes reagimos com estranheza e indignação. Entretanto, essa necessidade de rotular – no mundo contemporâneo, sobretudo – está associada a motivos mais prosaicos.
Dar ou não direito ao seguro de saúde, por exemplo. Se esse é o real motivo, então por que gera tanto incômodo? “Regras demandam rótulos. E ninguém quer amar com regras e rótulos”. Entendo, perfeitamente, essa dimensão da questão. Mas, a vida prática chama e nos empurra para coisas mais mundanas.
Da minha parte – e com base na minha própria vivência – acredito que todos os relacionamentos, sendo um parceiro doméstico ou não, mesmo os que não sabemos (ou queremos) classificar – são passíveis de rótulos. Ou seja, ao olhar do mundo externo sempre terá um nome que traz concretude ou explique a união de duas pessoas. É inevitável.
Posta essa inevitabilidade, vejo que sofrer ou se irritar com rótulos como esses é completamente inútil. Melhor mesmo é viver. O que já é uma baita tarefa quando pensamos na vida a dois!
Lu Magalhães, presidente da Primavera Editorial